Marília Santos e a Vila Mara do Sertão: quando o sonho vira referência no turismo pernambucano. Por Flávio Chaves

    Por Flávio Chaves – Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras. Foi Delegado Federal/Minc  –   No coração do Vale do Catimbau, em Pernambuco, onde a natureza desenha paisagens de tirar o fôlego e a cultura pulsa em cada canto, nasceu um projeto que está transformando o Sertão em referência de turismo e hospitalidade: a Pousada Vila Mara do Sertão.

À frente desse empreendimento está a empresária Marília Santos, uma mulher de visão futurista, criatividade ímpar e carisma cativante. Com experiência internacional na hotelaria e espírito inovador, ela enxergou no Catimbau mais do que um destino turístico: viu um palco perfeito para unir tradição, cultura e sofisticação.

A Vila Mara não é apenas um espaço de hospedagem, é uma experiência sensorial completa. Chalés aconchegantes, cuidadosamente integrados à paisagem sertaneja, oferecem conforto sem perder a essência da rusticidade local. Da varanda, o hóspede contempla o horizonte infinito do Sertão, um convite à contemplação e à imersão cultural.

Outro ponto alto é a gastronomia. O cardápio da pousada une sabores tradicionais nordestinos a técnicas internacionais, proporcionando uma experiência única que desperta os sentidos e eleva o padrão gastronômico da região. É o Sertão apresentado em forma de arte culinária, sofisticado e, ao mesmo tempo, autêntico.

Marília Santos: criatividade e visão que transformam o Sertão

Mais do que uma empresária de sucesso, Marília Santos é um exemplo de liderança feminina no Nordeste. Sua trajetória é marcada por coragem, inovação e a capacidade rara de transformar sonhos em realidade.

Dotada de carisma contagiante e espírito visionário, Marília é dessas mulheres que inspiram. Sabe unir a força da tradição sertaneja com a ousadia de quem não teme o futuro. Em cada detalhe da Vila Mara do Sertão está impressa a sua marca: o cuidado estético, a hospitalidade acolhedora, a valorização da cultura local e a ousadia de posicionar o Sertão como protagonista no mapa turístico do Brasil.

Sua atuação vai além da hotelaria. Ao lado dos irmãos, está à frente da Bandeirantes Mídia – Outdoor, empresa que se destaca pela inovação no segmento publicitário. Essa versatilidade demonstra sua capacidade de empreender em diferentes setores, sempre com resultados sólidos e visão estratégica.

O impacto econômico e cultural da Vila Mara vai muito além do turismo. O projeto gera empregos, movimenta a economia local e projeta o nome do Vale do Catimbau como um polo de turismo sustentável e de alta qualidade. A iniciativa de Marília Santos é também um gesto de valorização do Sertão, que passa a ser reconhecido não apenas por sua beleza natural, mas como território de oportunidades e criatividade.

Marília Santos não construiu apenas uma pousada: ela ergueu um ícone. Sua trajetória inspira e reafirma que o Sertão é terra fértil para quem tem coragem, visão e amor pela própria cultura.

Margarida Cantarelli: a força luminosa da justiça, da cultura e do exemplo. Por Flávio Chaves

  Por Flávio Chaves – Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras. Foi Delegado Federal/Minc  –  Há nomes que não apenas atravessam o tempo, mas o transformam. A trajetória da jurista Margarida Cantarelli é uma dessas histórias que se impõem pela altivez, pela inteligência rarefeita e por um compromisso inabalável com os valores mais nobres do Direito e da vida pública. Sua presença, nesta quinta-feira à noite, na Aula Magna do curso de Direito do Centro Universitário Frassinetti do Recife, sela um encontro entre gerações: a sabedoria de quem construiu caminhos e a esperança de quem neles seguirá.

O evento, realizado no auditório da instituição, marca o lançamento do livro “A Justiça em Feminino: Ensaios Jurídicos em Homenagem a Margarida Cantarelli”, obra que reúne textos de professores, estudantes e juristas e que celebra, não apenas uma biografia admirável, mas um ideário que desafia o tempo: o da justiça com alma, da igualdade com coragem e da cultura como fundamento civilizatório.

Margarida Cantarelli é um nome que honra Pernambuco e o Brasil. Natural do Recife, graduou-se em Direito pela UFPE em 1966, onde também concluiu seu mestrado e doutorado. Com passagens acadêmicas pela Holanda, México e Espanha, constrói uma formação que ultrapassa fronteiras. Sua carreira é um percurso de pioneirismos: foi a primeira mulher a ocupar a vice-presidência da OAB-PE e também a primeira a chefiar a Casa Civil da Prefeitura do Recife. Em 1999, torna-se a única mulher desembargadora do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, onde chega à presidência entre 2003 e 2005.

Na magistratura, sua atuação combina firmeza técnica e sensibilidade humana. Na academia, forma gerações com a mesma paixão pelo saber que leva à sala de aula. E na cultura, ergue-se como guardiã e protagonista: é presidenta da Academia Pernambucana de Letras e do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, instituições que, sob sua liderança, vivem um novo florescer.

Ao longo da vida, recebe condecorações que atestam sua grandeza. A lista impressiona: Ordem do Mérito Militar, Ordem do Mérito Aeronáutico, Ordem do Rio Branco, Ordem do Mérito Guararapes, Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho, Medalha Frei Caneca, Medalha Santos Dumont, entre outras tantas. Cada honraria reflete um legado que ultrapassa cargos, alcança consciências e inspira o futuro.

Na solenidade desta noite, vozes como a da presidente da OAB-PE, Ingrid Zanella, e da vice-presidente do TRF5, Joana Carolina Lins Pereira, se unem para exaltar a homenageada como exemplo de inteligência, cultura, pioneirismo e afetuosidade. A reitora da instituição, irmã Maria das Graças Soares, destaca o simbolismo do tributo como um gesto de afirmação ética e de compromisso com a dignidade humana.

Mais do que uma justa homenagem, o lançamento da obra representa um gesto de gratidão da sociedade acadêmica e jurídica àquela que nunca se furta a servir, inovar e iluminar os caminhos do Direito. Margarida Cantarelli não é apenas uma jurista notável. É uma consciência viva. Um elo entre o rigor da lei e a delicadeza do espírito. Uma mulher que, ao ser celebrada, ensina que justiça, cultura e coragem são, acima de tudo, escolhas diárias de quem acredita num mundo melhor.

E ao celebrarmos sua vida, celebramos também o poder transformador da vocação e da integridade. Que sua história siga sendo farol para as novas gerações e que o brilho de sua trajetória continue a inspirar, com elegância e força, os que ainda têm muito a aprender com seu exemplo.

Acontece:

  • Dia: 21 de agosto (quinta)
  • Horário: 19h
  • Local: Auditório – 5º andar do Centro Universitário Frassinetti do Recife (UniFAFIRE)
  • Valor do livro: R$ 60,00

UFANISMO DOENTIO. Por CLAUDEMIR GOMES

Futebol Pernambucano

  Por CLAUDEMIR GOMES

Futebol é momento. Isto é fato. E o momento torna sua realidade volátil. Tentar se guiar pelo retrovisor é perda de tempo. Afinal, é pra frente que se anda. Insistir em conjugar o verbo no passado é uma tentativa inócua de pular o presente em busca do futuro. Eis o mal que desidratou o futebol pernambucano, e segue sendo alimentado por um ufanismo barato, sem consistência e viciante.

Segunda-feira, assistia pelo YouTube a transmissão do jogo Santa Cruz 1×1 Altos/PI. Me surpreendi quando, no gol do Tricolor Pernambucano, um empolgado narrador se saiu com a pérola: “É o terror do Nordeste!”.
No sábado (16/08/2025), não soou bem aos meus ouvidos, quando o narrador do confronto – Sport 2×2 São Paulo – por várias vezes, se se referiu ao time da Ilha do Retiro como “o melhor do Nordeste”.

Em diálogo, íntimo e pessoal, cá com meus botões comentei: tem alguma coisa errada. Isso ou é fake News; ufanismo crônico e destrutivo porque vende uma verdade mentirosa e fantasiosa, ou desaprendi, por completo, fazer a leitura dos fatos.

“O Terror do Nordeste”, como bradou o gordinho em sua empolgação, disputa a quarta divisão do Campeonato Brasileiro. Nos últimos 20 anos esteve em apenas duas edições da Série A e tem no seu acervo apenas um título da Copa do Nordeste.

“O melhor do Nordeste”, como gosta de enfatizar o narrador todas as vezes que se refere ao Sport, é o lanterna da Série A do Brasileiro, candidatíssimo ao rebaixamento.

As semifinais da edição 2025 da Copa do Nordeste serão disputadas nesta quarta-feira; Bahia x Ceará e CSA x Confiança. Observamos que, nem o “Terror do Nordeste”, tampouco o “Melhor do Nordeste” estão na briga pelo título regional.

Nos últimos 20 anos o Bahia disputou doze edições da Série A, enquanto o seu rival doméstico, o Vitória, esteve no grupo de elite em dez temporadas. Fortaleza e Ceará apresentaram um crescimento sustentável no novo século. Ambos escreveram seus nomes em 8 edições (cada um), no Brasileiro da Série A.

O Sport foi o único clube pernambucano que evoluiu nas duas últimas décadas. O Rubro-negro da Ilha do Retiro marcou presença na Série A em 12 edições. O Náutico, que há doze anos está fora da elite do futebol brasileiro, disputou a Série A em 2007,2008,2009, 2012 e 2013, ou seja, cinco vezes nos últimos 20 anos. O Santa Cruz passou de passagem duas vezes pela elite nacional: 2006 e 2016.

O passado do futebol pernambucano é glorioso. Isto é incontestável. O Náutico foi vice-campeão brasileiro na década de 60, representou o futebol brasileiro numa edição da Libertadores; o Santa Cruz se agigantou na década de 70, disputou doze jogos internacionais e se manteve invicto conquistando o título simbólico de “Fita Azul do Futebol Brasileiro”. Nos anos 80 o futebol pernambucano chegou a ter quatro – Sport, Náutico, Santa Cruz e Central – disputando a Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro. O Sport foi campeão brasileiro e representou o Brasil na Libertadores de 1988.

Durante décadas nossos clubes mantiveram a hegemonia do futebol nordestino. Contra fatos e números não existe argumentos. Os comandantes do nosso futebol se portavam, e eram respeitados como grandes generais. Na crônica esportiva, nomes como Ivan Lima, José Santana, Adonias de Moura, Lenivaldo Aragão, Barbosa Filho, Luís Cavalcanti… eram vacinados contra o ufanismo.

Tempo, tempo, tempo!

Ligo o rádio e as entrevistas me deixam atônito com tanta pabulagem. Deduzo rapidamente: estão comendo galeto e arrotando lagosta.