O fiasco do livro digital

   por  Luiz Antonio Mello

O mercado de livros digitais cresceu mais de 350% de 2011 para 2012. Mesmo assim, ainda não alcança 1% do faturamento das editoras no Brasil. É o que aponta a pesquisa feita pela Câmara Brasileira do Livro (CBL). A diretora da CBL, Susanna Florissi, garante que o livro digital, ou eBook, já é uma realidade, mas tanto o mercado editorial como os consumidores ainda precisam se adaptar à nova plataforma de leitura.

“Tem vários formatos, uns são mais simples, como o próprio PDF, que muitos profissionais não consideram como livro digital mas eu considero, temos o ePub, e existem também livros digitais muito mais elaborados, que são mais caros de serem produzidos, como os livros interativos, que tem som, movimento, vídeo no livro”.

De acordo com a pesquisa da CBL, 68% das editoras comercializam livros digitais, sendo que 59% ainda estão inseguras quanto ao formato a ser utilizado. Do total que respondeu a pergunta, 58,7% usam plataformas dos canais de venda e 52,4% usam distribuidoras digitais. A maioria, 70%, vendem o arquivo com DRM, um tipo de bloqueio que não permite que sejam feitas cópias.

Quanto ao faturamento, 54% disseram a Agência Brasil que a venda de livro digital não chega a 1% do total e 10,53% responderam que está acima de 50%. Para Susanna, é uma questão de tempo e investimento para o mundo da leitura se fundir com o virtual. “Não que o livro impresso vá desaparecer, mas simplesmente o livro digital é um complemento, principalmente o livro didático”, diz.

 

Música no Rio: dos índios ao século 21

A exposição interativa Rio Música – edição 2013 apresenta, através de instalações digitais um panorama das práticas musicais cariocas, desde os tempos dos tupinambás, no século 16, até o funk, rap e música eletrônica dos dias de hoje. Com curadoria de Rosana Lanzelotte, cravista, pesquisadora, e doutora em informática, a exposição é um projeto pioneiro na América Latina. “Trata-se do piloto do primeiro museu de música do Brasil”, conta a curadora. A realização da mostra e do portal é do Instituto Musica Brasilis, criado por Rosana Lanzelotte, e fonte da maior parte dos conteúdos para a exposição. A edição 2013 homenageia Ernesto Nazareth pelos 150 anos de nascimento.

Um raríssimo cravo português do século XVIII estará pela primeira vez exposto ao público. Trata-se do instrumento construído pelo português Joze Cambiazo em 1769, finamente decorado com “chinoiserie”, como mostra a fotografia. Não se sabe quando o instrumento chegou ao Brasil. Excepcionalmente o proprietário permitirá que seja exibido ao público da exposição Rio Música.

A exposição Rio Música foi concebida para que o público percorra de maneira lúdica, a partir de instalações digitais interativas, concebidas pela Superuber, os cinco séculos de música na cidade, divididos em seis grandes temas: O canto dos tupinambás, Instrumentália, Tempo, O caminho das notas, Mesa musical, e Rio das Teclas.

A registro mais antigo relativo à música praticada no Rio é a anotação dos cantos dos índios tupinambás, feita pelo suíço Jean de Léry (1536 – 1613), integrante da comitiva que veio se juntar a Villegagnon  (1510 – 1571) no Rio.  Essas anotações foram publicadas na Europa em 1577 no livro “História de uma viagem ao Brasil”, de Léry.  No primeiro ambiente da exposição, “O canto dos tupinambás”, os visitantes ouvem a reconstituição realizada pela pesquisadora Anna Maria Kieffer dos cantos tupinambás anotados por Jean de Léry em 1557.

O programa educativo da exposição foi desenvolvido por Suely Avellar. Visitas guiadas para escolas são acompanhadas por jovens monitores, formados especialmente, selecionados entre moradores nas comunidades vizinhas. A exposição contou com os pesquisadores Carlos Palombini, Mayra Pereira, Pedro Aragão, Rodrigo De Santis, Egeu Laus e tem cenografia de Marcelo Pontes (MPDM Arquitetura). As instalações digitais interativas foram concebidas pela SuperUber e por Stephen Malinowski.

Serviço: Exposição Rio Música

Local: Centro Municipal de Referência da Música Carioca Artur da Távola

Endereço: Rua Conde de Bonfim, 824 – Tijuca

Contato e visitação guiadas: Tel: 3238. 3743 (agendamento de escolas por telefone)

Funcionamento: De terça-feira a domingo, das 10h às 18h – Entrada Gratuita

Mais informações: www.riomusica.org.br/noticias/exposição

 

Salvador Dalí em São Paulo

 

Com 100 gravuras, a exposição Dalí: A Divina Comédia apresenta o encontro do pintor surrealista espanhol com a obra do poeta italiano Dante Alighieri. A mostra na Caixa Cultural, centro paulistano, traz as gravuras que Salvador Dalí fez na década de 60 do século passado para ilustrar uma edição comemorativa da obra A Divina Comédia, lembrando os 700 anos de nascimento de  Dante Alighieri. As obras chegaram a São Paulo depois de passar pelo Rio de Janeiro, por Curitiba e pelo Recife.

O trabalho começou como uma encomenda do governo italiano. No entanto, mesmo após a desistência do pedido, o artista continuou elaborando as ilustrações. “Ele ficou cativado pela figura de Dante e pela importância que tem A Divina Comédia no contexto da cultura ocidental. E se sentiu também desafiado pela possibilidade de poder ilustrar a obra, assim como tantos outros artistas anteriores a ele tinham tentado”, diz a curadora da exposição, Ana Rodrigues.

Cada uma das gravuras corresponde a um dos 100 cantos da obra, respeitando a divisão original: Paraíso, Purgatório e Inferno. No poema, Dante desce ao submundo para resgatar sua amada Beatriz, sendo guiado pelo poeta Virgílio. A curadora Ana Rodrigues destaca que os três tempos da obra ilustrados por Dalí refletem momentos diferentes da carreira do pintor. “A parte do inferno é a que tem mais referências a todo o mundo onírico, ao universo surrealista de Dalí. É o espaço onde ele coloca todos os medos, os pesadelos, as angústias do ser humano.”