Prêmio Nobel da Paz pede a Obama que escute a população e não ataque a Síria

 

 

 

 

 

 

Argentino Adolfo Pérez Esquivel ironiza declaração dada pelo presidente dos EUA há poucos dias sobre Luther King: ‘Você realmente acha que invadir militarmente outro país é realizar esse sonho?’

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O precedente do Iraque, acusado sem fundamentos, é recordado diariamente por opositores

O argentino Adolfo Pérez Esquivel, prêmio Nobel da Paz de 1980, solicitou por meio de uma carta enviada ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que ele escute “o clamor da população” e não ataque a Síria, país que “precisa de uma solução política e não militar”.

Na carta, divulgada , o arquiteto, escultor e ativista de direitos humanos diz a Obama, que também já recebeu o Nobel da Paz, que seu país “não tem autoridade moral, legitimidade, nem legalidade” para invadir a Síria.

“Seu antecessor George W. Bush, em sua loucura messiânica, soube instrumentalizar o fundamentalismo religioso para promover as guerras no Afeganistão e no Iraque. Quando declarava que conversava com Deus, e que Este lhe dizia que tinha que atacar o Iraque, para exportar a ‘liberdade'”, ressaltou Esquivel.

O Nobel argentino lembrou a Obama que, há poucos dias, e por ocasião dos 50 anos da morte de Martin Luther King, o norte-americano falou da “necessidade de realizar o ‘sonho’ de quem foi a mais significativa expressão de luta pelos direitos civis contra o racismo na primeira democracia escravista do mundo”. “Você realmente acha que invadir militarmente outro país é realizar esse sonho?”, questionou Esquivel.

“Armar rebeldes para depois autorizar a intervenção da Otan não é algo novo por parte do seu país e aliados. Também não é novidade que os Estados Unidos pretendam invadir países depois de acusá-los por posse de armas de destruição em massa, o que no caso do Iraque ficou provado que era mentira”, argumentou.

Esquivel também disse ao presidente americano que agora eles pretendem invadir a Síria sem autorização da ONU e sem apoio, “por enquanto”, de seu “histórico aliado, a Grã-Bretanha”.

“Seu país está transformando a ‘Primavera Árabe’ no inferno da Otan, provocando guerras no Oriente Médio e suscitando a rapina das corporações internacionais. A invasão que pretende realizar causará mais violência e mortes, assim como a desestabilização da Síria e da região”, afirmou.

O argentino cita ainda o especialista americano Robert Fisk, “que afirmou que o alvo (da invasão) é o Irã e o adiamento do concretização do Estado palestino”. “O povo sírio, como qualquer outro, tem direito a sua autodeterminação e a definir seu próprio processo democrático, e devemos ajudar no que for preciso”, garantiu o autor da carta.

“Nenhum congressista do Parlamento dos Estados Unidos pode legitimar o ilegitimável, nem legalizar o ilegalizável”, disse Esquivel. “Os povos estão dizendo ‘basta’ às guerras, e a humanidade reivindica a paz e o direito de viver em liberdade. Espero que não termine transformando o sonho de fraternidade de Luther King em um pesadelo para os povos e a humanidade”, concluiu o argentino.

com informações Agência EFE

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