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RÉQUIEM PARA MEU PAI
Poeta Benny Franklin
– Há tempo de chorar, e tempo de rir.
Agora é tempo de chorar meu Pai
I
O tempo Pai,
esse foge [tragicamente] da vida
num saudar de lágrimas talhadas.
Céu a céu
eu tenho Te caçado
e só descansarei quando eu puder
Te ver nos aposentos ilógicos
onde perdura a lógica.
Com esse réquiem,
o que mais quero é Te dar um beijo:
um beijo que descreva
a pretensão de voltar
a Te encontrar,
e revigore a confiança
de jamais Te deslembrar;
um beijo que ilumine a ideia
de Te rever novamente nalgum lugar,
e crucificar o sono
que Te levou para longe
? não tão longe
que eu não possa Te procurar
todo esperançoso.
II
O tempo Pai,
esse caminha [irreversivelmente] para morte
num abraçar de metáforas retalhadas.
Voo a voo
eu tenho posto diante de Ti
[oh, metaficicista!]:
palavras com frequencias bennyanas,
musgos de ventoinhas beatniks
e rastros irreversíveis de mim
? desses que coabitam
e adolescem durante o período
que copulam apenas expiações.
III
A Tua falta Pai,
é a consumação de cada baque,
a germinação pêca de cada sutileza;
é o silêncio obsequioso
de cada cólica estelar,
a covardia maquinal do orvalho
desaguando na velocidade da lágrima;
é a ejaculação da colheita rala,
o ramo marmorizado da Orquídea selvagem
pousada nas mãos espalmadas da saudade,
é o pilar oco do antes-cio,
o fugir veloz do estio
? e inversamente,
é a empatia vibrante da ânsia
estimulada a sempre acreditar
no Teu retorno do nada.