Congresso não é delegacia

     

Deputado Silvio Costa

 

Por Magno Martins

Não sei as razões, mas o deputado Sílvio Costa (PTB) surpreendeu, ontem, o Congresso, com a ideia de promover uma audiência pública para discutir marketing miltinível.

O nome impressiona, porque é suntuoso e flexiona bem. Parece algo que nos reporta à revolução digital que o mundo vive. Mas não tem nada disso.

Marketing miltinível, para quem não sabe, tem o mesmo sentido, na verdade, do palavrão telexfree, a pirâmide financeira que já enriqueceu alguns, enlouqueceu muitos, mas enganou a maioria que caiu no conto da carochinha.

Isso não é assunto de Congresso. É caso de polícia, de justiça, porque tem bandidagem no meio. O Congresso, que já anda com a imagem no fundo do poço, em razão de tantas aberrações protagonizadas pelos seus nobres representantes, está transformando uma comissão importante numa delegacia de polícia.

Nunca vi ideia mais maluca e inconsequente. O Congresso tem que cuidar de temáticas que preocupam a sociedade brasileira, como o sucateamento da saúde pública e das escolas, além do enorme déficit habitacional.

E não pirâmides, vergonhosamente mudado para a versão enganosa de miltinível.

Como representante de um Estado pobre como Pernambuco, o nobre deputado deveria estar com os olhos voltados para a seca, que dizima homens e animais.

Mais produtivo seria cobrar do Governo o milho que não chega aos criadores, fiscalizar os carros-pipas, que vêm distribuindo água contaminada, provocando uma epidemia de cólera no semiárido.

Telexfree é envolver o Congresso num lamaçal. Seu odor é insuportável e tem tudo a ver com trambique e safadeza.

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