Moacir Japiassu/ Jornal da ImprenÇa
O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa Sucursal em Brasília, de cujo varandão desbeiçado sobre o gramado ainda viçoso é possível assistir à pelada dos ministros contra um combinado ética-honestidade, pois nosso Mestre sugere que leiamos imediatamente a excelente crônica de Graciliano Ramos publicada pela primeira vez em O Índio, de Palmeira dos Índios (AL), em 1921, com o pseudônimo de J. Calisto. O escritor reage ao crescimento do futebol neste país:
“(…) Reabilitem os esportes regionais que aí estão abandonados: o porrete, o cachação, a queda de braço, a corrida a pé, tão útil a um cidadão que se dedica ao arriscado ofício de furtar galinhas, a pega de bois, o salto, a cavalhada e, melhor que tudo, o cambapé, a rasteira.
A rasteira! Este, sim, é o esporte nacional por excelência!
Todos nós vivemos mais ou menos a atirar rasteira uns nos outros. Logo na aula primária habituamo-nos a apelar para as pernas quando nos falta a confiança no cérebro – e a rasteira nos salva.
Na vida prática, é claro que aumenta a natural tendência que possuímos para nos utilizarmos eficientemente da canela. No comércio, na indústria, nas letras e nas artes, no jornalismo, no teatro, nas cavações, a rasteira triunfa.
Cultivem a rasteira, amigos!
E se algum de vocês tiver vocação para a política, então sim, é a certeza plena de vencer com auxílio dela. É aí que ela culmina. Não há político que a não pratique. Desde S. Exa. o senhor presidente da República até o mais pançudo e beócio coronel da roça, desses que usam sapatos de trança, bochechas moles e espadagão da Guarda Nacional, todos os salvadores da pátria têm a habilidade de arrastar o pé no momento oportuno.
Muito útil, sim senhor.
Dediquem-se à rasteira, rapazes”.
