Quando a questão é a qualidade dos serviços públicos e o financiamento deles, tudo se complica ainda mais para os que hoje governam.
A paciência acabou e o povo quer melhorias urgentes em saúde, segurança e educação (nesta ordem, segundo a pesquisa CNI-Ibope); 87% acham que há dinheiro suficiente, os governantes é que o aplicam mal; 74% acham isso do governo federal, 81% acham o mesmo do governo paulista e 87% do governo do Rio. E por isso desaprovam qualquer reforma tributária ou taxação destinada a buscar mais recursos. Ora, qualquer pessoa com um mínimo de informação sobre as contas públicas, nos diferentes níveis federativos, sabe que existem desperdícios, mas que os recursos são escassos. Principalmente na saúde, depois do fim da CPMF.
Isso posto, restará aos governantes, especialmente ao governo federal, fazer um brutal esforço fiscal, cortando gastos para realizar investimentos, o que não ajuda a uma economia resfriada. E ações de transparência e educação para que o povo saiba mais sobre a origem, o volume e o destino do dinheiro, como ocorre em democracias vibrantes, em que o povo reivindica com melhor base informativa. Mas nada disso suprime a grande interrogação sobre os efeitos eleitorais que terá esta enchente de irritação. (Correio Braziliense – Tereza Cruvinel)