Costamarques, o laranja, revela que teve de devolver R$ 650 mil ao Instituto Lula

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A situação de Lula se complica cada vez mais

Em depoimento ao juiz federal Sergio Moro no dia 6 de setembro, o aposentado Glaucos da Costamarques – acusado de ser o “laranja” de Lula na compra do apartamento vizinho ao que mora em São Bernardo do Campo e na aquisição do terreno do Instituto Lula, em São Paulo – afirmou que “devolveu” R$ 650 mil em dinheiro vivo dos R$ 800 mil que recebeu pela participação nos negócios. Para o Ministério Público Federal (MPF), as compras foram feitas com propina da Odebrecht ao ex-presidente.

O dinheiro teria sido devolvido atendendo a um pedido por Roberto Teixeira, advogado e compadre de Lula, e foi retirado por dois emissários e transportado num um carro blindado com cofre, segundo contou Costamarques.

DEVOLUÇÃO – “Algum tempo depois de tudo resolvido (os negócios dos imóveis), eu estava já lá tranquilo, o Roberto Teixeira falou: ‘Ô Glaucos, você podia devolver esse lucro que você teve para o Instituto Lula”, disse ao ser interrogado como réu no processo em que Lula é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro pelo acerto de R$ 12,4 milhões de propinas da Odebrecht.

O MPF sustenta que Costamarques recebeu R$ 800 mil em dezembro de 2010 por ter sido “laranja” de Lula nos negócios conduzidos por Teixeira. O valor embutia R$ 504 mil usados por ele quatro meses antes para comprar o apartamento 121 do edifício Hill House e ainda a comissão de R$ 172 mil por ter sido laranja, além dos gastos com impostos.

A defesa de Lula afirma que ele é locatário do apartamento 121 desde 2003 e que, a partir de 2011, passou a alugar o imóvel de Costamarques pagando aluguel regularmente. Lula afirma que tem os recibos originais dos pagamentos.

RECIBOS DO ALUGUEL – Na tentativa de verificar se os recibos do aluguel do apartamento 121 do edifício Hill House apresentados por Lula foram assinados no mesmo dia, O JUIZ Moro mandou o Hospital Sírio-Libanês verificar novamente se os registros de entrada apontam ingresso em suas dependências de Roberto Teixeira no segundo semestre de 2015, quando Costamarques estava internado na instituição. Interrogado pelo juiz, o próprio advogado relatou ter se encontrado com o aposentado no saguão do hospital, em São Paulo.

“Para dirimir por completo esta questão e considerando o requerido no evento 1.118, oficie-se novamente ao Hospital Sírio Libanês em São Paulo solicitando informação sobre eventuais registros de ingresso de Roberto Teixeira no Hospital Sírio Libanês no segundo semestre de 2015, a qualquer título, para internação ou tratamento”, ordenou Moro em despacho nessa sexta-feira (13).

Na última quarta-feira, o Sírio-Libanês entregou a Moro a relação de três visitas do contador João Leite Muniz a Costamarques em dezembro de 2015. O hospital informou também que não havia encontrado anotações sobre a visita de Roberto Teixeira.