Política Real
A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) vai brigar por uma fatia dos recursos da venda da Eletrobras, anunciada pelo governo Michel Temer. E também envolver a classe política e empresarial do Nordeste nesta questão
Foi o que declarou o no novo presidente da Companhia, o piauiense Avelino Neiva, em entrevista exclusiva à Agência Política Real, após a transmissão de cargo, ocorrida na tarde de ontem, na sede do órgão, em Brasília.
Avelino alega que a Eletrobras explora as águas da bacia do rio São Francisco para gerar energia elétrica e defende que parte do dinheiro da venda da estatal dever aplicada na continuidade e até expansão das obras da transposição do “Velho Chico”, bem como nos serviços de manutenção de grande obra de integração nacional.
Missão e recursos
Novo presidente da Companhia disse que precisa de recursos para agilizar os projetos e levar adiante a missão que lhe foi atribuída.
“Nós não fugimos daquilo que coloca a Companhia para arcar e agilizar”, frisou. “Mas, se você me dar o problema da Transposição (do rio São Francisco) e os relacionados à manutenção dessa Transposição, como missão, tem que me dar também os meios para cumpri-la”, emendou.
Privatização e participação
Avelino Neiva disse que tem a solução para cumprir a sua missão frente à Codevasf.
“Se o governo federal passado adquiriu todo o acervo de geração de energia do rio São Francisco, a Chesf (Companhia Hidrelétrica do Rio São Francisco), passou a ser dono e quer privatizar tudo isso, ótimo. Nós somos de acordo que deve privatizar mesmo, porque o governo federal é um péssimo investidor”, disse.
“O que deve ser feito é nos dar uma participação (dessa privatização), porque quem administra o rio é a Codevasf. É a detentora da nascente ao desembocar no Atlântico. Então todas as hidrelétricas que serão privatizadas eu quero um percentual que nós vamos calcular”, enfatizou o presidente.
Percentual
Avelino não soube exemplificar se esse percentual será em cima da vasão da água do rio ou quilowatts produzido. “Eu não sei. Nós vamos fazer uma matemática financeira que seja por nós defendida com firmeza e segurança.
“Nós vamos, com a classe política do Nordeste, deputas e senadores, expor a nossa argumentação. E dizer que nós precisamos recursos, porque não é justo que você me dá missão desse tamanho, sem me dar os meios.”
Piauí e Transposição
O novo presidente da Codevasf também discorreu sobre o fato de o Piauí, que integra a Bacia do rio Parnaíba, ser um dos poucos estados do Nordeste que não foi incluído no projeto das obras de Transposição do rio São Francisco. Avelino garantiu que vai se esforçar para a inclusão do seu estado no projeto.
“Ainda tem jeito. O projeto está aqui, e estão terminando de equacionar o projeto. Esse dinheiro que vai para a iniciativa privadas, da venda da Eletrobras, que é um patrimônio de todos nós, parte dele tem que ir para a Transposição, para os serviços de manutenção da transposição e fazer mais transposição até o limite que o rio suportar”, explicou.
Carros-pipas
Ele informou que existem na região do semiárido do Piauí 67 municípios que são atendidos por carros-pipas. “Não tem água para beber, que é o básico, o fundamental para o ser humano viver”, queixou-se. “Então, vamos continuar com os carros-pipas até que se faça a transposição”, completou.
Para Avelino, com a transposição “teremos a interligação das bacias todas do Piauí, que resolve o problema do nosso semiárido”, frisou.
“É só levantar a comporta e vem a água de lá pra cá, Encheu o reservatório, fecha. Não fica com água sobrando e se abusando da água. Tem que ter uma maneira de se limitar esse entendimento de vasão de água. Um estudo da vasão. Agora vamos solicitar isso da classe política do Nordeste”, concluiu.