por Célia LabancaIndiscutivelmente, estamos vivendo um período de convulsões sociais bastante claros em seus objetivos, ditado por um povo, hoje exausto.
Não sou nenhuma neófita em termos de política já que comecei a experiência-la desde o meu período universitário. Convivo com ela e com os seus fazeres dentro da minha história, da minha casa e da minha família, desde sempre. – Não sou contra os políticos de nenhuma origem, eles representam o que somos enquanto sociedade. Portanto nada a cobrá-los. E, ainda acho que a política entre todas as ciências humanas é talvez a mais bonita. Ela demanda maior criatividade diplomática e inteligência emocional para criar e encontrar saídas para convivência pacífica e com alguma dignidade mundo a fora desde os primórdios.
A questão que me intriga, é o sistema. Ele sim é cruel, autoritário, concentrador, machista, e de alguma forma muito atraente ao poder, tanto que não se lhe reformam, ou mesmo trocam definitivamente. Como deveria ser.
Senão vejamos: pensa-se agora, em fazer um plebiscito. Para quê, pergunto eu. Naturalmente que não seria para resolver a crise econômica à qual estávamos desacostumados, porque não depende de nós, senão dos acontecimentos internacionais como a burocratização geral, os superfaturamentos, a corrupção, entre outros, que não são características somente nossas. – O que se espera dele é que o povo escolha: sobre o financiamento publico de campanha; sistema eleitoral; fim das coligações partidárias; suplência do Senado; voto no Congresso. – Ora, muito pouco para quem precisa mudar um sistema inadequado há tanto tempo!
E depois, já se sabe que o povo jamais votará pelo financiamento público de campanha, na medida em que faltam verbas para a saúde, a educação, o transporte, a cultura. – Também sobre o sistema eleitoral, outra balela; claro que quem tiver mais votos deve se eleger, apenas isto. E, não interessa que se vote em partidos, ainda mais nos nossos, para que eles escolham entre os votados, que era o que faltava! Sobre o fim das coligações partidárias, ou não, o povo não ve muita diferença se elas existirem por boas causas; suplência no Senado, o voto será contra. Como suplente, se a pessoa sequer teve um voto, e para quê? Neste caso, na falta do eleito, o segundo mais votado deveria assumir. Sobre o voto aberto no Congresso? Definitivamente o povo será instado a votar a favor, até porque já bastam as falcatruas que se processam sistemática, e historicamente sob os tapetes de todos os matizes.
As respostas, a ele, eu aposto, seriam, e serão estas. Sem tirar nem por. A não ser que não se leia a linguagem das ruas. – Por que então promove-lo? Para se discutir o que já é do conhecimento de todos? Para majorar os gastos públicos? E ainda mais que tudo pode ser votado “de graça” no próprio Congresso? Ou seria para mais um engodo? Para mais um cala boca? Sei não, viu?
Que se pensasse, então, sobre um pacto federativo, o que seria, certamente, a grande reforma política. Com ele sim, se dividiria compromissos e responsabilidades com todas as instancias dos poderes, se daria ao povo mais atenção, e para os governos mais sustentabilidade, e representatividade, sem o engessamento de agora, com prazo indeterminado. A concentração de tudo, como está no poder federal, dá no que deu: menor distribuição de renda, aumento de impostos com interesse direcionado, insatisfação generalizada, e ainda a desassistência dos serviços básicos tão essenciais à melhoria da qualidade de vida. – Afinal, responder sim ou não, é muito pouco, e… o agora e o futuro não podem ser em vão.
Célia Labanca é escritora