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“É como a sua melhor noite de Natal vezes mil”. Foi assim que o advogado, jornalista e colunista do jornal The Guardian se sentiu quando finalmente viu na tela de seu computador os documentos que um ex-agente da Agência Nacional de Segurança (NSA, em inglês) tanto prometera ao longo dos mais de cinco meses em que trocaram e-mails.

Edward Snowden completou trinta anos no final de junho e hoje é uma das maiores dores de cabeça do presidente americano Barack Obama. O jovem decidiu entrar para o Exército para ajudar na libertação do povo iraquiano, mas quando chegou lá viu que a história era bem diferente. Motivado por um desejo de lutar por uma Internet mais livre e com privacidade garantida também pelos governos, Snowden decidiu procurar Greenwald, eleito em 2012 um dos dez jornalistas políticos mais influentes do país.
“Logo de cara, ainda sem se identificar, Edward queria que eu instalasse um programa no meu computador para que pudéssemos trocar mensagens criptografadas. Ele chegou a mandar um vídeo com um passo a passo, já que não era um procedimento tão simples. Só percebi o quão importante era o assunto quando Laura Poitras, vencedora do melhor curta documental de 2006 com o filme “Mycountry, my country”, sobre o cotidiano do Iraque sob ocupação dos EUA, me contou que também tinha sido procurada e que já trocava e-mails criptografados com ele. Não tínhamos certeza ainda da veracidade dos documentos, mas meu instinto falou mais alto”, conta Greenwald.
Snowden segue preso no aeroporto da Rússia, em busca de um exilo político. Greenwald segue sua rotina no Alto da Boa Vista, no Rio de Janeiro, onde mora há oito anos com David, seu parceiro brasileiro. Mundialmente reconhecido desde a publicação do caso no The Guardian, o jornalista confessa que faz um certo esforço para não ficar paranoico com uma possível espionagem do governo dos EUA.
E motivos não faltam para que ele tenha essa preocupação. “Ainda em Hong Kong, avisei David que iria mandar cópias criptografadas dos documentos caso acontecesse alguma coisa comigo. Dois dias depois entraram em nossa casa e roubaram apenas o laptop. É quase óbvio para nós, mas evito pensar que estamos sendo vigiados a esse ponto”.
No próximo domingo (7/7), Greenwald vai publicar um artigo no jornal O Globo sobre o desdobramento da invasão de privacidade pela Internet dos Estados Unidos para o Brasil. E promete que o conteúdo será bombástico.
com informação the guardian