Hely Ferreira ressalta o caráter democrática das mobilizações em todo o País
Marcelo Camargo/ABr

Manifestação nesta segunda-feira, em São Paulo
As mobilizações sociais observadas Brasil afora mostram uma insatisfação latente com os rumos do Brasil. O cientista política da UFPE, Hely Ferreira, avaliou que população não está se sentindo mais representada. “O povo está deixando de ficar calado e ser omisso para ir às ruas cobrar uma maior responsabilidade e representação dos governantes”, refletiu Ferreira. “Isso faz parte da democracia, mas isso tem que ser feito com moderação, sem depredar o patrimônio público”, acrescentou.
Contudo, o que tem se observado é que os manifestantes têm rejeitados os partidos políticos durante as mobilizações. Segundo o cientista político, o problema com os partidos é de âmbito mundial. “Isso é um retrato de um problema internacional os partidos políticos não têm credibilidade perante a população. Aqui, no Brasil, principalmente alguns partidos são criados para satisfazer os interesses de determinados grupos”, ponderou.
Segundo Ferreira, os ataques as Casas legislativas que se observou nesta segunda-feira (17) em algumas cidades brasileiras é fruto do descontentamento diante da Casa, que, em tese, está mais perto do povo. “[O Legislativo têm] essas atribuições de fiscalizar e observar o que tem sido feito pelo Executivo, mas muitas vezes as Casas legislativas no Brasil tem se acuado e dito amém as atitudes que o Executivo tem tomado. Logo, está ocorrendo uma retaliação por parte do povo”, afirmou.
“No Brasil, não estamos acostumados a grandes mobilizações, tem uma tradição apática e muitas vezes indiferente a esta situação. Aos poucos a população está tendo um cenário mais claro e uma maior politização”, avaliou o cientista. “Agora, temos que ter cuidado, pois quanto mais essa mobilização cresce, mais difícil fica de controlar e há pessoas que não tem espirito democrático ou comprometimento com as causas e maculam a imagem do movimento”, concluiu.
Questionado sobre o reflexo que estas mobilizações terão nas urnas no próximo ano, Ferreira foi cético. Segundo ele, o governo tem confundido o debate administrativo o que cai em mesmice. “Espero que a agenda do próximo ano seja diferenciada”, finalizou Ferreira.
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