Por que o dólar está subindo tanto?

Expectativa de que o Banco Central americano interrompa seu programa de estímulo monetário impulsiona a alta da moeda

Size_80_beatriz-souzapor BEATRIZ SOUZA
Somodevilla/Getty Images

Homem segura nota de cem dólares

Dólar: o Banco Central tenta manter a cotação da moeda abaixo de R$2,15

São Paulo – O cenário de incertezas nos planos internacional e doméstico vem impulsionando a alta do dólar  em relação ao real e outros moedas internacionais nos últimos dias.

O economista-chefe do Espirito Santo Investment Bank, Jankiel Santos explica que a sinalização norte-americana de que o Banco Central americano (Federal Reserve) vai retirar seu estímulo monetário provocou a valorização da moeda no mundo todo. No Brasil, a preocupação também é grande porque isso significa o fim da abundância de liquidez externa.

Mas, além da questão externa, problemas no mercado doméstico também estão afastando os investidores. “Estamos pagando por tudo que fizemos de errado nos últimos meses”, afirma Santos.

Ele se refere à falta de reformas consistentes feitas pelo governo e às intervenções estatais em setores da economia. “Quando o risco aumenta, como o investidor já está inseguro, o Brasil é o primeiro lugar de onde ele vai tirar seu dinheiro”, explica o economista.

EUA

Nesta quinta-feira, a divulgação de dados mais fortes do que o esperado sobre as vendas no varejo e o mercado de trabalho sinalizaram que a economia pode estar melhorando.

Como a economia americana dá sinais de recuperação, a preocupação dos investidores é de que oFed  interrompa seu programa de compra de títulos de 85 bilhões de dólares por mês. Os investidores aguardam a reunião do comitê de política monetária (FOMC) na próxima semana para ter uma clareza sobre quando isso irá ocorrer.

Desempenho do real x dólar nos últimos 3 meses

 O momento seria histórico. Principalmente porque Ben Bernanke, presidente do Fed, é reconhecido no meio acadêmico e entre os investidores como um dos maiores especialistas sobre a Grande Depressão de 1929 e também um entusiasta da expansão monetária para combater crises.