A Polícia Federal (PF) vai delimitar ao ano de 2003 o pedido da quebra de sigilo bancário de Freud Godoy, que era assessor pessoal e segurança do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo depoimento prestado pelo operador do esquema, o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, o então auxiliar do ex-presidente recebeu cerca de R$ 100 mil para cobrir despesas pessoais do chefe.
Segundo apurou a CPI dos Correios, um cheque da SMPB, empresa de Valério, no valor de R$ 98,5 mil, foi depositado na conta da Caso Comércio e Serviços Ltda., de Freud Godoy, em 21 de janeiro de 2003. Na tentativa de embasar a acusação, Valério entregou à Procuradoria-Geral da República uma cópia do cheque.
A investigação sobre os supostos repasses do esquema do mensalão ao ex-presidente Lula é objeto do inquérito instaurado em 1º de abril deste ano como desdobramento de outra investigação aberta em 2012, após o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF). O inquérito foi instaurado para apurar o caminho dos recursos do valerioduto. A investigação inclui outras 25 pessoas físicas e jurídicas beneficiárias de recursos das empresas de Valério.
Em três de abril, o procurador da República Francisco Guilherme Vollstedt Bastos pediu à PF a abertura de inquérito para apurar “possível ocorrência dos crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e sonegação fiscal” envolvendo o ex-presidente Lula, o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci e o então presidente da Portugal Telecom, Miguel Horta.
Entre as acusações, Marcos Valério afirmou que o “governo/PT” recebeu US$ 7 milhões da Portugal Telecom, em um acerto feito entre Lula, Palocci e Miguel Horta. O procurador solicitou então uma nova oitiva de Valério “no sentido de informar com maior precisão a delimitação temporal dos acontecimentos” para viabilizar diligências adicionais.
Além do testemunho, Marcos Valério forneceu detalhes das contas no exterior nas quais os depósitos foram feitos e os titulares. O depoimento corre sob sigilo e a delegada Andreia Pinho, de Brasília, avalia as informações prestadas pelo operador do mensalão.