| Bernardo Mello Franco – Folha de S.Paulo
Em 2012, o repórter Paulo Gama acompanhou uma reunião de Carlinhos com dirigentes de times de várzea em Campo Limpo, na zona sul. A conversa é uma aula de como os políticos usam as emendas parlamentares para se perpetuar no poder. ‘São Francisco já falava: é dando que se recebe’, iniciou o vereador. ‘Às vezes metem o pau em político, mas a gente não é recompensado pelo que a gente faz. O dinheiro é da prefeitura, sim, mas é verba minha. Verba a que o vereador tem direito.’ Imodesto, ele se descreveu como ‘o camisa 10 da região’ e lembrou quem era o dono da bola. ‘Fui num campo outro dia e não tinha um carro com meu colante. Não é justo. Não é estupidez, é ingratidão.’ Por fim, avisou que abandonou quadras em bairros onde não recebeu a votação esperada. ‘Para que eu vou regar coisa que não dá fruto? É uma judiação pra população, mas eles que vão pedir pra quem eles votam.’ Em 2015, Carlinhos deve trocar a grama pelo asfalto. Após dois anos no Senado, como suplente de Marta Suplicy (PT-SP), ele é o favorito para o Ministério dos Transportes no segundo governo Dilma Rousseff. A presidente entregou o Ministério do Esporte ao PRB, sigla ligada à Igreja Universal. O escolhido foi o pastor e deputado George Hilton, que se apresenta no site da Câmara como ‘radialista, apresentador de televisão, teólogo e animador’. Daqui a um ano e meio, o Brasil sediará pela primeira vez uma Olimpíada |
Antonio Carlos Rodrigues, o Carlinhos, é um político que gosta muito de grama. Num país em que candidatos trocam cadeira de rodas, dentadura e remédio por votos, ele descobriu o potencial de uma mercadoria inusitada: o campo de futebol. Filiado ao PR, o vereador paulistano se especializou em instalar grama sintética em quadras da periferia. Os campos, verdes como nota de dólar, viram palanque nas suas campanhas à reeleição.