“El Mundo” entrevista homem que teria matado Ernesto Che Guevara na Bolívia

No último domingo (23/11), o jornal espanhol El Mundo publicou uma entrevista  com o militar aposentado, Mario Terán Salazar, que teria matado Ernesto Che Guevara, aos 39 anos, no dia 9 de outubro de 1967, em La Higuera, na Bolívia.
Crédito:Divulgação
Militar revelou que disparou rajadas de tiros que mataram Guevara
Salazar, de 72 anos, alega que havia três militares com um sobrenome igual ao dele e que teria sido confundido com o homem que matou o guerrilheiro. O superior do militar, entretanto, o general Gary Prado, capitão da milícia que encurralou Che, confirmou ao jornal a autoria dos disparos.
A entrevista ocorreu na casa de Terán, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. Em uma confissão escrita, o militar revela ter se sentido intimidado e tonto ao ficar à frente do guerrilheiro.“Quando cheguei, Che estava sentado. Ao me ver, disse: você veio para me matar? Eu me senti envergonhado e abaixei a cabeça sem responder. Não me atrevi a disparar. Nesse momento, vi o Che grande, muito grande. Quando me olhou, senti tontura. Eu pensei que, com um movimento rápido, ele poderia tomar a minha arma”, escreveu.
O militar conta que Che Guevara teria dito para que ele se acalmasse. “Por favor, acalme-se, você vai matar um homem”, relembra Terán na confissão, citando as palavras de Che. “Então, dei um passo para trás, até a soleira da porta, fechei os olhos e disparei a primeira rajada. Che caiu no chão com as pernas destroçadas, se contorceu e começou a jorrar muito sangue. Recobrei o ânimo e disparei a segunda rajada, que o atingiu seu braço, ombro e coração”, acrescentou.
O exército colombiano contava com três Marios Terán: Mario Terán Ortuño, Mario Terán Terán Reque e Mario Terán Salazar. Questionado se era verdade que ele integrou o grupo que deteve o guerrilheiro, o entrevistado tentou fugir da pergunta, mas se identificou como o homem da única imagem publicada até hoje do suposto atirador. “Sim, sou eu”, afirmou.
O momento foi registrado dois meses após a execução pela jornalista francesa Michèle Ray, daParis Match, que escreveu um livro sobre a morte de Che Guevara. O general Gary Prado disse ainda que sempre aconselhou Terán que não confessasse seu papel na morte para evitar possíveis retaliações.