Preso que acusou Flávio Dino de participar de assalto a carro-forte admite à polícia ter recebido promessa de dinheiro e de liberdade para gravar vídeo. Acusações contra candidato a governador foram divulgadas por emissoras de seu principal adversário, Lobão Filho
Palco de rebeliões, assassinatos e denúncias de violações aos direitos humanos, as dependências do Complexo Penitenciário de Pedrinhas foram utilizadas para montar uma farsa contra o líder nas pesquisas ao governo do Maranhão, o ex-deputado Flávio Dino (PCdoB), adversário do senador Lobão Filho (PMDB-MA), candidato apoiado pela família Sarney.
Em depoimento prestado ontem (24) à Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic), o presidiário André Escócio de Caldas admitiu ter recebido promessa de dinheiro, proteção e um alvará de soltura para gravar um vídeo em que acusa Flávio Dino, o deputado e candidato à reeleição Weverton Rocha (PDT-MA) e uma mulher chamada Patrícia de serem os mandantes do assalto a um carro-forte que resultou no roubo de R$ 900 mil. André está preso por participação no crime, praticado na Universidade Estadual do Maranhão (Uema) em 11 de fevereiro.
O vídeo, gravado há cerca de dez dias, foi veiculado em primeira mão pela TV Difusora (retransmissora do SBT), de propriedade da família Lobão. O áudio também foi reproduzido pela rádio da família. A pedido de Flávio Dino, as gravações foram retiradas do ar por determinação judicial. No novo depoimento, o preso contou que as imagens foram gravadas por um agente penitenciário dentro da sala do diretor da Central de Custódia de Presos da Justiça, de Pedrinhas, Carlos Aguiar. A polícia já ouviu os três envolvidos.
Polícia Federal
O depoimento de André Escócio sobre o uso de agentes e da estrutura do Estado na fraude foi encaminhado à delegada geral da Polícia Civil, Maria Cristina Resende. A pedido do candidato, o caso foi encaminhado à Polícia Federal por envolver disputa eleitoral. A Polícia Civil faz parte da estrutura do governo de Roseana Sarney (PMDB), aliada de Lobão Filho. O presidente do PCdoB no Maranhão, Márcio Jerry, defende que as investigações sejam conduzidas pela PF.
“Temos todo o interesse que a Polícia Federal se aprofunde no caso para mostrar a armadilha eleitoral criada pelo nosso adversário. O Flávio nunca esteve envolvido em qualquer ilícito”, disse Márcio ao Congresso em Foco.
A reportagem procurou Lobão Filho, mas não houve retorno até o momento. A assessoria de imprensa do governo do Maranhão informou que se posicionaria sobre o assunto ainda nesta tarde.
Esta não é a única suspeita de natureza eleitoral que recai sobre o candidato do PMDB. Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo mostra que a campanha de Lobão Filho usou ônibus escolar com identificação do programa Caminho da Escola, do governo, para espalhar propaganda do peemedebista em São Luís. Um vídeo ao qual o jornal teve acesso flagra o veículo sendo abastecido com cartazes de Lobão Filho no pátio de seu comitê eleitoral. O Ministério da Educação abriu uma investigação para apurar o uso eleitoral do ônibus.
Cerca de 150 homens da Força Nacional de Segurança reforçam a segurança em São Luís em meio a uma onda de atentados atribuídos a presidiários de Pedrinhas. A governadora Roseana Sarney já pediu o envio de novo reforço para as eleições. Desde o início do ano, 17 presos morreram no complexo penitenciário maranhense, segundo levantamento da Agência Brasil. Só no ano passado, de acordo com o Conselho Nacional de Justiça, 60 presos forma mortos. Só este mês, 46 detentos fugiram do complexo penitenciário.
fonte:congressoemfoco