O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, contestou nesta segunda-feira a tese do presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) segundo à qual há uso indevido da máquina pública quando Dilma Rousseff, candidata à reeleição, concede entrevistasrelativas à campanha a partir do Palácio da Alvorada, sua residência oficial. ‘Presidente da República não vai fazer coletiva em shopping’, disse Adams à Folha. ‘A lei autoriza que ela mantenha encontros no Alvorada para compatibilizar a agenda presidencial com a agenda de campanha.’

Após a declaração, a própria presidente rebateu a interpretação. ‘Respeito muito a posição do presidente do Tribunal. Só quero lembrar que todos os meus antecessores usaram o Palácio. Até porque, caso contrário, serei uma sem-teto. Não terei onde dar entrevista (…). Porque não tenho casa, serei sem-teto e irei para a rua dar entrevista.’

Nos eventos públicos, é obrigatório um levantamento rigoroso do local para evitar acidentes e, até, atentados. A polêmica sobre o uso da residência oficial foi levantada pelo presidente do TSE, José Antônio Dias Toffoli, para quem há vantagem indevida no ato.

Para Adams, há um erro conceitual na defesa do magistrado. Primeiro porque a presidente não está fazendo ‘um comício’ no Palácio, segundo porque, apesar de candidata, Dilma é chefe de Estado. E acrescentou: é preciso observar critérios de segurança nos deslocamentos e atividades presidenciais, por exemplo. (Da Folha de S.Paulo – Natuza Nery)