Programa detalhado, só no governo

Carlos Chagas 

Passada a copa do mundo, dedica-se a mídia à exegese dos programas registrados pelos candidatos presidenciais junto à Justiça Eleitoral. Os jornais apresentam resumos comparativos e abrem espaço para meticulosos comentários a respeito do que pensam e o que pretendem realizar os atuais pretendentes ao palácio do Planalto. Há muita promessa genérica, ou, pelo menos, montes de enunciados sem indicação de meios e de recursos para viabilizá-los.

Razão mesmo tinha Tancredo Neves, quando sustentava junto aos jornalistas que cobravam a falta de um programa minucioso sobre o governo do PMDB, lembrando que planos assim só poderiam ser elaborados com os planejadores já no exercício do poder.

Antes, sem acesso a dados escondidos ou a realidades encobertas pelos que estavam indo embora, todo programa sairia incompleto e poderia induzir o novo governante a erro. Detalharia o programa de seu governo depois que cada ministro se inteirasse da real questão de suas pastas e seus desafios.

O que os candidatos podem e devem fazer, antes da eleição, é estabelecer diretrizes gerais, indicações sobre metas e objetivos. Detalhar demais, antes da hora, costuma ser perigoso.