Indecisão, ante-sala da ausência?

Carlos Chagas

 As pesquisas indicam 47 milhões de eleitores ainda indecisos, que não sabem em quem votar para presidente da República. Como são onze candidatos registrados, não será por falta de opção política ou ideológica. A indecisão revela mais do que a procura pelo eleitor de alguém afinado com o seu pensamento ou suas preferências: demonstra a rejeição de boa parte da sociedade aos políticos. Tanto faz se estão na disputa Dilma, Aécio, Eduardo ou qualquer outro. São todos repudiados por pertencerem à mesma classe.

Faltam dois meses e meio para as eleições, as campanhas entram agora em nova fase, mas o risco é da transformação dos indecisos em ausentes. Em não participantes do processo, seja ficando em casa, votando em branco ou anulando o voto.

Essa reação, ainda que justificada, só prejudicaria as instituições democráticas. Beneficiaria os piores. Nos períodos de ditadura, abster-se de participar da farsa eleitoral chega a constituir um dever do cidadão. Na democracia, porém, é burrice. Equivale a abrir espaço para os que seriam derrotados pelo voto consciente.