Brics formam banco mundial com Índia na presidência

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, Dilma Rousseff, presidente da China, Xi Jinping, e da África do Sul, Jacob Zuma (Foto: Nelson Almeida/AFP) 

Vladimir Putin, presidente da Rússia, Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, presidente Dilma Rousseff, Xi Jinping, presidente da China, e Jacob Zuma, presidente da África do Sul (Foto: Nelson Almeida/AFP)

Fábio Amato, André Teixeira e Gabriela Alves Do G1, em Fortaleza

Os presidentes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que compõem o Brics, assinaram nesta terça-feira (15) um acordo que oficializa a criação do chamado Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), cujo objetivo será o financiamento de projetos de infraestrutura em países emergentes.

O Brasil poderá indicar o primeiro presidente do Conselho de Administração do banco. Já a Índia terá o direito de indicar o primeiro presidente e, a Rússia, o presidente do Conselho de Governadores. A China venceu a disputa para sediar a instituição, que ficará em Xangai. A África do Sul vai sediar o Centro Regional Africano do banco.

Pelos termos do acordo, haverá rotatividade na presidência do banco. Depois da Índia, o Brasil terá direito a chefiar a instituição, seguido por Rússia, África do Sul e China.

A formalização do NBD, após pelo menos dois anos de negociações, aconteceu durante a reunião de cúpula em Fortaleza. Essa é a primeira ação concreta do Brics e chega num momento em que o grupo perde prestígio junto aos investidores, devido à desaceleração do crescimento das economias – especialmente do Brasil.

Até agora, a reuniões de cúpula (esta é a sexta) tinham servido basicamente como palco para discursos. Os cinco países também demonstraram dificuldade para chegar a acordos – por exemplo, para apoiar um nome de consenso para disputar a presidência do Banco Mundial em 2012. A expectativa agora é de que a parceria avance com mais velocidade.

O NBD vai ter capital inicial de US$ 50 bilhões, divididos igualmente entre os membros fundadores. Entretanto, diz comunicado, há uma autorização para que esse valor chegue a US$ 100 bilhões. Os empréstimos também poderão ser concedidos a países emergentes fora do Brics.

saiba mais

Dinheiro em falta
A presidente Dilma Rousseff disse em seu discurso que a criação do banco é um passo importante para  o ‘aperfeiçoamento da arquitetura de financiamento global.” De acordo com ela, nações que hoje não encontram crédito em instituições tradicionais poderão recorrer a ele.

“O banco representa uma alternativa para as necessidades de financiamento de infraestrutura dos países em desenvolvimento, compreendendo e compensando a insuficiência de crédito nas principais instituições financeiras internacionais”, disse Dilma.

O presidente da China, Xi Jinping, disse que o NBD vai ajudar no desenvolvimento dos países e contribuir para aumentar a influência dos membros do Brics. “Esse desejo político para o desenvolvimento comum ajudará a aumentar o nível da voz do Brics mas, mais importante, ajudará a trazer benefícios aos nossos e a outros países pela via do desenvolvimento”, disse.

Xi disse ainda que a China, como sede do banco, vai manter a cooperação com os parceiros do grupo visando seu bom funcionamento. Ele afirmou que espera que a instituição comece a funcionar o mais rápido possível.

O primeiro ministro da Índia, Narendra Modi, que vai indicar o primeiro presidente do banco, disse que a instituição terá o poder de intensificar a ajuda financeira a países em “tempos econômicos instáveis.” De acordo com ele, a partir da criação do banco o Brics poderá ter mais ambição e se transformar em uma “plataforma de impacto global.”

Durante entrevista ao final da reunião em Fortaleza, a presidente Dilma negou que o Brasil tenha desistido da presidência do banco para viabilizar o acordo. “A Índia propôs a criação do banco, então achamos que seria justo que a primeira presidência ficasse com quem propôs”, afirmou a presidente.