O Estado de S. Paulo. Partidos da base da presidente Dilma Rousseff (PT) decidiram usar os últimos dias de definição das coligações para ameaçar abandonar o governo. Após a defecção do PTB, que anunciou apoio ao PSDB de Aécio Neves, PR, PP e PSD protagonizam agora uma ‘guerra fria’ para obter mais espaço num eventual segundo mandato da petista. Dilma se reuniu ontem com seu antecessor e fiador político, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Palácio da Alvorada, para traçar um plano a fim de conter os rebeldes. As convenções, que decidem pelas alianças, têm de ser realizadas até segunda-feira (30), segundo a Justiça Eleitoral. O PR, que tem atualmente o Ministério dos Transportes, foi o mais explícito na ameaça. Líderes do partido exigiram, ontem, a substituição do atual titular da pasta, César Borges, sob o argumento de que ele não representa a legenda. À tarde, Dilma respondeu com um ‘não’ ao ser questionada por repórteres se atenderia à demanda dos aliados. O ministro já avisou que não pedirá demissão. Conversado – Pela manhã, o senador Antônio Carlos Rodrigues (PR-SP) esteve no Palácio do Planalto acompanhado de outros líderes do partido para falar de sua insatisfação aos ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e da Secretaria de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini. Mercadante levou a notícia a Dilma e depois disse que o assunto ‘está sendo conversado’. O Planalto também está negociando com o PP, que tem hoje o Ministério das Cidades. Os petistas esperam garantir o apoio do partido do ex-prefeito Paulo Maluf ao projeto de reeleição de Dilma Rousseff hoje, quando a sigla realiza a sua convenção nacional. A aliança nacional tem boas possibilidades de ser fechada, mas os palanques de candidatos nos estados estratégicos já estão perdidos. A ala contra Dilma defende pelo menos a ‘neutralidade’, ou seja, não se coligar a ninguém. ‘Eu defendo a candidatura de Aécio. Acho que o caminho mais inteligente para o partido é votar pela neutralidade’, disse a senadora Ana Amélia (PP), que disputa o Governo do Rio Grande do Sul contra o atual governador Tarso Genro (PT). Entre os partidos que tentam se cacifar, o menor risco, pelo menos na avaliação do Planalto, é com o PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab, que também realiza sua convenção hoje, em Brasília. O encontro nacional da sigla deverá oficializar apoio à campanha da presidente por ‘aclamação’. ‘A decisão no âmbito nacional já foi tomada no ano passado’, afirmou o líder da legenda na Câmara dos Deputados, Moreira Mendes. O secretário-geral do PSD, Saulo Queiroz, por sua vez, disse que a adesão à campanha de Dilma forçará integrantes do partido que apoiam outros candidatos à Presidência da República a ter mais cuidado com a propaganda eleitoral durante a disputa. ‘O Kassab está alertando todo mundo. Se algum candidato do PSD fizer cartazes com imagens do Aécio, por exemplo, poderá ser enquadrado por infidelidade, uma vez que a aliança nacional é com o PT’, disse. |