Sem limites para a pancadaria eleitoral

AGORA O VALE TUDO

Serra atingido por uma ‘bolinha’ de papel na campanha de 2010

 

Paulo de Tarso Lyra – Correio Braziliense

A 20 dias do início da corrida eleitoral — a campanha oficial só pode ser feita a partir do dia 5 de julho — os ataques mútuos entre os postulantes ao Palácio do Planalto aumentaram de tom, especialmente após o primeiro fim de semana de convenções partidárias. Pré-candidato do PSDB, Aécio Neves (MG) afirmou que deseja “varrer o PT do governo”, em ato da legenda no sábado.

No domingo, na convenção do PT em São Paulo, o ex-presidente Lula ressuscitou a denúncia de compra de votos para aprovação da emenda da reeleição de Fernando Henrique e disse que a “esperança vai vencer o ódio”.

‘UM BOCADO DE RAPOSAS’

E Eduardo Campos (PSB) que o governo é comandado por “um bocado de raposa que já roubou o que tinha que roubar e que não vai dar ao Brasil nada de novo”.
O tom de animosidades recíprocas, que atingiu o ápice no fim de semana, não é um fenômeno atual. Em diversos momentos de campanhas presidenciais recentes, o espaço destinado à discussão de temas importantes para o país foram ocupados por ataques pessoais entre os candidatos, empobrecendo o debate.

‘FAZER O DIABO PARA GANHAR’

O que chama a atenção agora é a intensidade em uma fase em que as atenções do eleitorado estão concentradas na Copa do Mundo, não na disputa eleitoral. No ano passado, a presidente Dilma Rousseff afirmou que “faria o diabo para se reeleger”, em uma frase enxergada pela oposição como um salvo-conduto para os petistas atacarem os adversários na campanha.

Ontem, por intermédio de uma rede social, o ex-presidente Fernando Henrique criticou Lula por ter partido para o ataque durante a convenção do PT paulista. “Na convenção do PSDB não acusei ninguém. Disse que queria ver os corruptos longe de nós. Não era preciso vestir a carapuça”, devolveu. “A acusação de compra de votos na emenda da reeleição não se sustenta”, acrescentou FHC.

TROCA DE CHUMBO GROSSO

Para o professor de ciência política Carlos Melo, do Instituto Insper, os gritos vindos da arquibancada na abertura do Mundial representa um início de troca de chumbos grossa entre os candidatos. “A meu ver, numa jovem democracia como a nossa, munição trocada pode doer, sim. E muito. As convenções já expressaram isso: a cada tom mais elevado de um lado, aumenta-se o volume do outro.”