Museu abre as portas com exposição sobre a Copa do Mundo, mas ainda apresenta problemas de infraestrutura
Marina Mahmood/Folha de Pernambuco

Obras refletem a paixão do brasileiro por futebol e o interesse pela Copa do Mundo
Depois de quase um ano fechado para reforma, o Museu de Arte Contemporânea de Olinda (MAC) volta a abrir as portas na noite desta quarta (11), com a exposição coletiva “Ora Bolas!”, cuja proposta é reunir obras de artistas consagrados e iniciantes que fazem uma leitura da participação brasileira nos gramados, em alusão à Copa do Mundo. “Ora Bolas!” ficará aberta para visitação durante dois meses.
A pluralidade das obras expostas, que exaltam a paixão futebolística a partir de diferentes técnicas e olhares, mostra como a criatividade do brasileiro é latente na hora de retratar o fanatismo em torno do futebol. De infogravuras a colagens com tecidos, pinturas, fotografias, esculturas, maquetes e outras técnicas mistas permeiam os trabalhos expostos.
Das 50 obras que ocupam as três salas expositivas do Museu, 17 são de pernambucanos – entre eles, nomes como Plínio Palhano, Marcos Medeiros, Mané Tatu, Pedro Dias, Vânia Coutinho e Elisângela das Palafitas. “Pela qualidade dos artistas que estão expondo, sem falar do número de inscritos, fica evidente que existe um apoio à Copa do Mundo. Outra coisa importante desta exposição é que todas as obras foram doadas. Elas irão constituir uma nova coleção do museu. Então o apoio é duplo. Sem falar que estamos fazendo um registro plástico dessa movimentação em torno da Copa”, disse Célia Labanca, diretora do MAC.

Exposição reúne imagens inspiradas na Copa, feitas por diferentes artistas
A coleção que será formada com as obras da mostra se chamará “Projeto Ora Bolas! – 2014”. Além de ser incorporada oficialmente ao acervo do Museu, poderá ser exposta em outras ocasiões e se prestar, inclusive, a exposições itinerantes.
A indicação dos artistas do Sul-Sudeste que expõem na mostra foi feita pela artista plástica paulista Elisa Lobo, enquanto Célia se responsabilizou pelos nomes do Norte-Nordeste. “Achamos que esta é também uma oportunidade para dar visibilidade a novos nomes das artes plásticas, que ainda não tem reconhecimento”, acrescentou a diretora, que contou com a colaboração do Conselho Curador do MAC, formado por nomes como Tereza Costa Rêgo, Marcos Cordeiro, Cândido Saraiva, Plínio Vitor, entre outros.
INFRAESTRUTURA – O MAC é um dos equipamentos culturais do país selecionados pelo edital “Cultura Para a Copa o Mundo”, do Ministério da Educação com o Ministério da Cultura, que prevê a requalificação dos museus para o mundial de futebol. No entanto, os R$ 500 mil que seriam destinados ao equipamento do Sítio Histórico de Olinda não foram repassados. Sua estrutura, que esteve comprometida com rachaduras, goteiras e infiltrações – correndo o risco de sofrer curtos-circuitos -, passou por uma reforma de última hora arcada pela diretora, que investiu, com recursos próprios, na pintura, limpeza e reforma do telhado que estava repleto de goteiras.

“O museu está praticamente em ruínas”, diz Labanca, que interditou setores do local
A reportagem da Folha de Pernambuco esteve no local e conferiu a situação do espaço. Resquícios de mofos podem ser percebidos em parte das paredes que, por terem sido pintadas de última hora, não estão uniformes. As duas casas vizinhas, que funcionam como reserva técnica e abrigam provisoriamente o acervo do Museu, estão com a fachada degradada.
Outra carência é a questão da acessibilidade, que nunca recebeu investimento. De acordo com Célia, há mais de 20 anos que a Secretaria de Cultura do Estado e a Fundarpe, que respondem pelo MAC, não realizam nenhuma interferência no local. “O MAC é o segundo Museu da América Latina, mas nunca recebeu nenhuma prioridade. Desde que assumi o cargo de diretora, há sete anos, que existe uma promessa de recebermos uma verba estadual, mas até agora nada foi feito. O Museu está praticamente em ruínas. Nesta quarta, no lançamento da exposição, vou interditar várias partes do local que estão com rachaduras enormes. Como lancei a ideia do projeto e houve aceitação, estabeleci compromisso com artistas do país inteiro, do Paraná ao Ceará. Eu não podia deixar de realizar a exposição”, ressalta.
fonte:folhape