POEMA

    Poeta Pablo Neruda

AMOR

Mulher, teria sido teu filho, para beber-te 
o leite dos seios como de um manancial, 
para olhar-te e sentir-te a meu lado e ter-te 
no riso de ouro e na voz de cristal. 

Para sentir-te nas veias como Deus num rio 
e adorar-te nos ossos tristes de pó e cal, 
para que sem esforço teu ser pelo meu passasse 
e saísse na estrofe – limpo de todo o mal -. 

Como saberia amar-te, mulher, como saberia 
amar-te, amar-te como nunca soube ninguém! 
Morrer e todavia 
amar-te mais. 
E todavia 
amar-te mais 
e mais.