Reportagem do portal BR 247
Quando se dirigem um ao outro, os quatro principais pré-candidatos a governador do Rio de Janeiro não têm papas na língua. Com a mesma ferocidade, atacam-se entre si enfileirando críticas à administração estadual e a uns e a outros. Do Palácio Guanabara, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), pré-candidato à reeleição, devolve os ataques com petardos nas experiências administrativas do ex-governador e atual deputado Anthony Garotinho (PR) e do senador e ex-prefeito Lindbergh Farias (PT) – e na falta de experiência do senador Marcelo Crivela (PRB). Mas eles têm muito em comum. Ninguém menos que a presidente Dilma Rousseff.
Com ênfases muito semelhantes, Pezão, Garotinho, Crivela e Lindbergh estão apoiando a reeleição de Dilma e nem querer saber de brigas com ela durante a campanha. Há uma espécie de consenso entre eles, segundo o qual o volume de verbas despejado pela administração Dilma no Rio de Janeiro mudou, para melhor, a face do Estado. E nenhum deles está disposto a trombar com a muralha de prestígio que a presidente amealhou ali.
PT CARRO-CHEFE? NÃO É
A situação chega a ser paradoxal. Em tese, mas nada mais distante da prática, deveria ser o PT o principal carro-chefe da presidente no Rio. Mas não é. Considerando o senador Lindbergh Farias lulista demais para o seu gosto, Dilma sempre jogou todas as suas fichas no prestígio à administração do até poucas semanas atrás governador Sergio Cabral. Mais que isso, a presidente sempre demonstrou, em público, carinho especial com o atual governador Pezão, a quem a tocada das obras federais. Ela já o recebeu no Palácio do Planalto mais de uma vez, enquanto não deu uma palavra sequer de incentivo ao lançamento da pré-candidatura do senador Lindbergh. Ainda assim, o petista não pode deixar de apoiar Dilma – e o peemedebista, pelas razões anteriores, é o maior cabo eleitoral da presidente.
NEM EDUARDO NEM AÉCIO
Entre Garotinho e Crivela, a situação no que toca ao apoio à presidente é semelhante para ambos. Sem identificação nem com o presidenciável Aécio Neves nem com seu adversário Eduardo Campos, eles se movimentaram em Brasília para manter seus partidos na base aliada da presidente. Garotinho chegou até mesmo a se contrapor ao que parecia ser uma rebelião do PR. Mais discreto, e rivalizando com o ex-governador na liderança das pesquisas de opinião, Crivela nunca entrou em polêmica com Dilma. Ele também pedirá votos para ela.
Enquanto a situação da presidente é confortável no terceiro maior eleitorado do País, Aécio e Campos não podem dizer o mesmo. Quando o técnico Bernardinho, da seleção brasileira de vôlei, desistiu da candidatura proposta a ele por Aécio, o PSDB, que nunca foi expressivo no Rio, ficou sem nome próprio ao governo do Estado. E ainda está nessa situação. O ex-governador de Minas tem apenas uma parcela do PMDB ao seu lado, a comandada pelo presidente regional da legenda, Jorge Picciani. Contra a força da máquina administrativa comandada por Pezão, talvez ele não possa fazer muito.
APOSTA DE EDUARDO
Campos, sob inspiração de sua vice Marina Silva, está tentando construir uma aliança que, ao menos, o insira no eleitorado fluminense. A aposta é na volta a uma eleição majoritária do deputado Miro Teixeira, hoje no Pros. Veterano da política do Rio, Miro foi candidato a governador em 1982. Mesmo bastante conhecido do eleitorado, ele não tem destaque, neste momento, nas pesquisas de opinião.
Além de Pezão, Dilma tem, ainda, o apoio irrestrito do prefeito Eduardo Paes. O peso das máquinas que eles pilotam torna a eleição no Rio de Janeiro uma das mais difíceis para a oposição carregar. |