Há 81 anos, as brasileiras votavam pela primeira vez, uma marco da democracia de nosso país

Em 24 de fevereiro de 1932 o então presidente do Brasil Getúlio Vargas institui o Código Eleitoral Brasileiro, que passa a dar o direito de voto e de elegibilidade às mulheres. Com a guerra paulista, em julho do mesmo ano, o processo eleitoral foi interrompido e adiado para o ano seguinte. Então, em 3 de maio de 1933, são realizadas as eleições para a Assembléia Constituinte e as mulheres vão às urnas pela primeira vez. Outro marco importante acontece nesta data: entre os 254 deputados eleitos na ocasião está uma mulher — Carlota Pereira de Queirós, eleita por São Paulo.
A luta pelo voto feminino começa, no Brasil, muitos anos antes de 1933. Cézar Zama, médico baiano, chega muito perto de fazer ser aprovado o sufrágio universal pela Constituição Republicana ainda em 1891. Mas havia na época um número maior de constituintes contrários a idéia. Uma emenda que conferia o direito de voto à mulher chegou a ser assinada por 31 constituintes, mas dez dias depois, diante das pressões, a emenda foi retirada do projeto de Constituição. Dessa maneira, o Brasil que poderia ter sido o primeiro país a garantir o sufrágio feminino, atrasa em 41 anos a concessão. Em 1893 a Nova Zelândia torna-se o primeiro país a dar esse direito às mulheres.
Em todo o mundo, o voto feminino foi o primeiro alvo das feministas que buscavam participar da vida política de seus países. As sufragistas iniciaram seu movimento pacificamente em 1897 no Reino Unido, e conseguiram apoio de alguns parlamentares britânicos. Mas à medida que elas alcançavam maior visibilidade, maior também se tornava a repressão. As ativistas chamavam a atenção da sociedade com suas prisões e greves de fome, até surgir a primeira mártir do movimento, a militante Emily Eilding Davison que se jogou diante do cavalo do rei da Inglaterra em 1913.
Todos os esforços das sufragistas somados à atuação feminina na Primeira Guerra Mundial fazem com que em 1918 o voto feminino, finalmente, seja estabelecido no Reino Unido com a aprovação do Representation of the People Act, que inspirou mulheres do mundo inteiro, inclusive as brasileiras, a buscarem seus direitos civis.
Hoje, na maioria dos países, a mulher já conquistou sua emancipação, apesar de países como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos nem lhe concederem o direito ao voto, o que mostra que a opressão feminina ainda é bastante expressiva. Movimentos semelhantes ao das sufragistas puderam ser observados no Kuwait em pleno século 21. O país só mudou sua legislação eleitoral após muita luta das mulheres, em 16 de maio de 2005, garantindo-lhes o voto feminino.
Sufrágio feminino no mundo
1893 Nova Zelândia
1902 Austrália
1906 Finlândia
1913 Noruega
1915 Dinamarca, Islândia
1917 Canadá, Países Baixos
1918 Reino Unido, Áustria, Estônia, Georgia, Alemanha, Hungria, Irlanda, Letônia, Lituânia, Polônia, Federação Russa
1919 Bélgica, Luxemburgo, Países Baixos, Suécia, Ucrânia
1920 Estados Unidos da América, Albânia, República Tcheca, Eslováquia
1921 Armênia, Azerbaijão,
1924 Mongólia, Santa Lucia,
1927 Turquemenistão
1929 Equador, Romênia
1930 África do Sul (brancas), Turquia
1931 Chile, Portugal, Espanha, Sri Lanka
1932 Brasil, Tailândia, Uruguai
1934 Cuba, Turquia
1937 Filipinas
1938 Bolívia, Usbequistão
1939 El Salvador
1941 Panamá
1942 República Dominicana
1944 Bulgária, França, Jamaica
1945 Croácia, Guiana, Indonésia, Itália, Japão, Senegal, Eslovênia, Togo
1946 Camarões, Coréia do Sul, Guatemala, Libéria, Macedônia, Trindade e Tobago, Venezuela, Vietnã, Iugoslávia
1947 Argentina, Israel, Nígéria, Coréia do Norte, Suriname
1949 Bósnia, China, Costa Rica,
1950 Barbados, Haiti, Índia
1951 Republica Domínica, Nepal
1952 Grécia, Líbano
1953 Butão, México
1954 Belize, Colombia, Ghana
1955 Combodia, Etiópia, Honduras, Nicarágua, Perú
1956 Egito, Gabão, Mali, Somália
1957 Malásia
1958 Burquina Faso, Chad, Guiné, Nigéria (Sul)
1959 Madagáscar, São Marino, Tunísia, República Unida de Tanzânia
1960 Chipre, Gambia, Tonga
1961 Bahamas, Burundi, El Salvador , Malawi, Mauritânia, Paraguai, Ruanda, Serra Leone
1962 Argélia, O Fiji, Irã (República Islâmica de), Quênia, Marrocos, Papua Nova Guiné
1964 Sudão
1965 Bostwana, Lesotho
1967 Congo, Kiribati, Tuvalu, Iémen
1968 Nauru
1970 Andorra
1971 Suiça
1972 Bangladesh
1974 Jordânia, Ilhas Salomão
1975 Angola, Capa Verde, Moçambique,
1977 Guiné Bissau
1978 Nigéria (Norte), a República de Moldova, Zimbabue
1979 Marshall Ilhas, Micronésia (Estados Federados), Palau
1980 Iraque
1984 Liechtenstein, África do Sul (mestiças e índias)
1986 República Africana Central, Djibouti
1989 Namíbia
1990 Samoa
1993 Kazakhstan, República de Moldova
1994 África do Sul (negras)
2005 Kuwait