O fiel retrato de um ato de amor, resistência e subversão porque amar é também uma decisão com sacrifício
Por Flávio Chaves – Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras. Foi Delegado Federal/Minc –
Hoje, enquanto escrevo estas palavras, sinto o coração pulsar em um ritmo diferente. É como se um ciclo, tão longo e intenso, estivesse se fechando diante de mim. Após 12 anos de escrita, reflexão e revisões, chego ao momento de anunciar a conclusão de meu mais recente romance: “O Beijo Subversivo”.
Essa não é apenas uma história; é um pedaço da minha alma transformado em palavras. Durante mais de uma década, vivi intensamente ao lado dos personagens que nasceram no meu coração. Acompanhei suas dores, suas lutas e seus amores enquanto tentava, por meio deles, traduzir algo universal: o que significa amar em um mundo que muitas vezes não permite.
“O Beijo Subversivo” não surgiu de forma instantânea. Ele foi ganhando forma em meio aos dias e noites que passei refletindo sobre o amor, o poder e as barreiras que se impõem entre nós. Foi uma construção lenta, quase como quem esculpe uma estátua, polindo cada detalhe até que a essência finalmente se revele.
A história de Belchior, o protagonista, não é apenas a de um homem apaixonado. É a de alguém que ousa desafiar um sistema opressor ao amar uma mulher que, pelas convenções, estaria fora de seu alcance. Seu beijo, tão subversivo quanto eterno, se transforma no símbolo de uma resistência que é ao mesmo tempo política, social e emocional.
Mas Belchior é mais do que um amante e um filósofo. Ele é um exilado político-social dentro de sua própria pátria, vivendo em um cárcere sem paredes, imposto por um sistema que rejeita aqueles que pensam diferente. Sua luta, mesmo silenciosa, ecoa como um grito por liberdade – algo que acredito que muitos de nós já sentimos em algum momento de nossas vidas.
Terminar de escrever este romance foi, para mim, mais do que um ato de criação literária. Foi um processo de autoconhecimento e de resistência. Durante esses 12 anos, enfrentei bloqueios criativos, dúvidas e até mesmo momentos em que pensei em desistir. Mas Belchior e Violeta, os protagonistas, não me deixaram parar. Eles me puxavam de volta à história, me lembrando que algumas jornadas precisam ser concluídas, mesmo que sejam árduas.
Traçar estas linhas de O Beijo Subversivo foi um ato subversivo por si só. Foi minha forma de resistir às pressões do tempo, às expectativas e às limitações que muitas vezes colocamos sobre nós mesmos. Cada palavra, cada diálogo e cada cena carrega em si um pedaço de quem eu sou.
Ao concluir este livro, percebo que ele não é mais apenas meu. Ele agora pertence aos leitores, àqueles que se deixarão tocar por suas palavras e que, espero, encontrarão nele algo que ressoe com suas próprias vidas. O Beijo Subversivo é uma história sobre todos nós – sobre nossos amores, nossas lutas, nossas perdas e nossas conquistas.
Espero que, ao lerem este livro, vocês sintam o que eu senti ao escrevê-lo: uma mistura de dor e esperança, de desafio e liberdade, de resistência e redenção.
Concluir um romance que levou 12 anos para ser escrito é mais do que um marco. É um momento de profunda gratidão. Agradeço aos personagens por terem confiado em mim para contar sua história. Agradeço àqueles que me apoiaram durante essa jornada, que acreditaram no poder das palavras e no impacto que elas podem causar.
Mas, acima de tudo, agradeço a você, leitor, que estará comigo nesse próximo capítulo: o de compartilhar O Beijo Subversivo com o mundo. Que esta história possa tocar sua alma e trazer reflexões que fiquem com você para sempre.
Enquanto encerro esse capítulo, sinto que um novo está prestes a começar. Não sei para onde as estradas da vida me levarão, mas sei que, assim como Belchior, continuarei caminhando, carregando em mim o desejo de contar histórias que toquem o coração e a alma.
Obrigado por fazer parte deste momento tão especial. Espero que você encontre em O Beijo Subversivo algo que também faça sua jornada valer a pena.