Que este centenário sirva como um momento para revisitar suas obras e redescobrir a profundidade e a relevância das suas reflexões sobre a experiência humana.

Por Flávio Chaves – Jornalista, escritor, poeta e membro da Academia Pernambucana de Letras. Foi Delegado Federal/Minc

Junho de 2024 marca o centenário da morte de Franz Kafka, um dos mais influentes escritores do século 20 e autor de obras icônicas como “A Metamorfose”, “O Processo” e “Carta ao Pai”. Kafka, nascido em Praga em 1883, continua a ser uma figura central na literatura mundial, com suas obras explorando temas de alienação, burocracia opressiva e a busca incessante por sentido em um mundo muitas vezes absurdo.

Kafka nasceu em uma família judia de classe média em Praga, na época parte do Império Austro-Húngaro. Sua vida foi marcada por um profundo sentimento de inadequação e conflitos familiares, especialmente com seu pai, um comerciante severo e autoritário. Esses conflitos influenciaram profundamente sua escrita, resultando em obras que frequentemente exploram relações complexas e conflituosas entre indivíduos e autoridades.

Durante sua vida, Kafka trabalhou em um escritório de seguros, escrevendo suas histórias nas horas vagas. Publicou apenas uma fração de sua obra em vida, sendo “A Metamorfose” uma das poucas exceções. Este conto, onde o protagonista Gregor Samsa acorda transformado em um inseto gigante, tornou-se um símbolo poderoso do sentimento de alienação e desespero existencial.

Após a morte de Kafka em 3 de junho de 1924, seu amigo íntimo e também escritor Max Brod desobedeceu seu pedido de queimar todos os seus escritos não publicados. Brod dedicou-se a preservar e publicar os manuscritos de Kafka, resultando na descoberta de obras-primas como “O Castelo” e “O Processo”.

Memorial a Kafka em sua cidade natal, Praga, hoje capital da República Tcheca

“O Processo” é talvez um dos romances mais emblemáticos de Kafka, narrando a história de Josef K., um homem que é preso e julgado por um crime desconhecido, retratando uma burocracia implacável e absurda. “O Castelo”, por sua vez, descreve a luta interminável de um agrimensor, conhecido apenas como K., para acessar autoridades inatingíveis em um castelo, simbolizando a eterna luta humana contra forças intransponíveis e incompreensíveis.

O impacto de Kafka na cultura contemporânea é imensurável. Termos como “kafkiano” são usados para descrever situações que são absurdas, surreais ou opressivas, refletindo o poder duradouro de sua visão literária. Suas histórias continuam a ser estudadas e reinterpretadas, revelando novas camadas de significado e relevância.

O legado de Kafka é um testemunho de sua capacidade de capturar as complexidades da existência humana em uma prosa envolvente e profunda. Cem anos após sua morte, sua obra continua a desafiar, intrigar e inspirar, garantindo que Franz Kafka permaneça uma figura central no panteão da literatura mundial.

À medida que comemoramos os 100 anos desde a morte de Franz Kafka, é essencial reconhecer seu papel crucial na literatura e na forma como entendemos a condição humana. Sua habilidade de capturar a angústia e a absurdidade da vida moderna continua a ressoar com leitores ao redor do mundo, garantindo que seu legado literário perdure por muitos séculos mais.