Literatura: O cavalo onírico da feira de Carpina. Por Josué Sena

Por Josué Sena – Desembargador, escritor e poeta

O cavalo onírico da feira de Carpina

O corcel dessa estranha hora,
Oriundo das feiras de Carpina,
Com a pele tordilha da demora
Arrepia ao vento a espessa crina.

Esse ser possante ensaia valsas
Sobre a nuvem dourada do horizonte,
Onde faíscam bigornas, rubis e há balsas,
Que ligam tudo ao tudo, sob doze pontes.

Esse cavalo digere a relva dos minutos,
Em Bosworth, implorou por ele Ricardo da Inglaterra,
Antes de cair do inimigo ao golpe bruto.

Afinal é cavalo escalador de serras,
Sabe de tesouros no centro da Terra,
Recita elegias em tardes de luto.

Josué Sena