Diretor-geral diz que a Polícia Federal ainda busca comprovar a delação de Cid

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Mauro Cid fez várias acusações, mas  sem anexar as provas

Zeca Ferreira
Estadão

O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, afirmou neste sábado, 11, ao Estadão que a corporação busca comprovar o que é dito em delações premiadas, “independentemente da ‘avaliação’ ou de solicitações de outras agências”. Nesta sexta-feira, 10, o subprocurador Carlos Frederico Santos, responsável pelas investigações que miram no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), classificou as declarações do tenente-coronel Mauro Cid à PF como frágeis e afirmou que precisam ser corroboradas.

“A delação, como meio de obtenção de provas, é ferramenta útil à investigação, e a PF corrobora sempre todo alegado, independentemente da ‘avaliação’ ou solicitações de outras agências”, afirmou o chefe da PF, em resposta à afirmação do subprocurador.

HÁ CONTROVÉRSIAS – Andrei Rodrigues defendeu a utilização da delação premiada como um instrumento para obtenção de provas em investigações policiais. Além disso, ponderou que as informações fornecidas nos acordos de colaboração são validadas pela PF.

As controvérsias sobre o uso da delação premiada no País tornaram-se mais intensas durante a Operação Lava Jato. De um lado, críticos temem falsas acusações e abusos. Por outro lado, defensores veem eficiência para desvendar crimes complexos. Nos últimos meses, o assunto voltou aos holofotes após a delação do tenente-coronel Mauro Cid.

Andrei Rodrigues disse ainda que, neste momento, a Polícia Federal está em busca de provas que corroborem com a delação de Cid, independentemente de pedido do Ministério Público Federal (MPF) para isso.

DELAÇÃO FRÁGIL – Responsável pelas investigações no MPF, o subprocurador Carlos Frederico Santos considerou como frágil a delação de Mauro Cid, uma vez que o tenente-coronel não informou o local ou a data em que os crimes delatados teriam ocorrido, por exemplo. “Isso aí tem que ser corroborado. Pedi uma série de diligências que estão em curso”, afirmou o subprocurador.

Entre as revelações de Cid à PF, destaca-se, por exemplo, a participação do então presidente Bolsonaro na tentativa de convencer a cúpula das Forças Armadas a impedir a posse de Lula na Presidência.

“Eu investigo para comprovar. Não posso partir de ilações. Isso foi o jogo da Lava Jato. Eu não trabalho como o pessoal da Lava Jato. Eu trabalho com provas concretas para que as pessoas sejam denunciadas com provas irrefutáveis”, disse o subprocurador em conversa com o Estadão.

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O fato concreto, levantado pelo subprocurador Carlos Frederico Santos, é que até agora a Polícia Federal não apresentou nenhuma prova material contra Bolsonaro. Isso significa que, se essas provas não forem encontradas em breve, o subprocurador vai anular a delação premiada de Mauro Cid e ele será processado sozinho ou junto com o pai, general Lucena Cid, que ajudou o filho querido nessas trapalhadas bolsonarianas, especialmente na venda das joias nos States.  (C.N.)