Emoção pra valer. Por CLAUDEMIR GOMES

Por CLAUDEMIR GOMES

O último dia de maio, e o primeiro do mês de junho, foram de “emoçãos pra valer”, como diria o bom marqueteiro, colocando pilha na eterna discussão sobre o que o torcedor gosta mais: uma disputa de pontos corridos, ou uma competição ao estilo mata, mata? Dos oito confrontos que definiram os vencedores das oitavas de final da Copa do Brasil, cinco foram decididos nos pênaltis. Como bonificação neste pacote de adrenalina, a decisão da Liga Europa, entre Sevilla e Roma, também foi para os pênaltis, com a equipe espanhola levando a melhor.

O torcedor gosta de fortes emoções. Coisa da paixão! Razão pela qual essa estória de: “É certo, mas não é justo; é justo, mas não é certo”, é uma discussão sem fim. Certo ou justo, a verdade é que, as decisões por pênaltis, no meio da semana, levaram multidões a loucura, deixando torcidas a beira de um ataque de nervos.

Treinadores se equivocaram na definição do plano de jogo; jogadores não assimilaram o caráter decisivo das partidas, e se comportaram como se estivessem disputando uma competição de pontos corridos; ídolos “falharam” na passagem do coletivo para o individual. Enfim, o %u201CSobrenatural de Almeida%u201D, como diria o mestre, Nelson Rodrigues, foi a campo em várias praças. E, mais uma vez, o futebol nos mostrou que, o jogo jogado é tão imprevisível quanto bumbum de bebê. Quem não respeitou a máxima, se deu mal.

Todos os jogos se mostravam interessantíssimos, mas, por motivos óbvios, as dezesseis torcidas envolvidas nas disputas, tinham suas predileções. As vantagens construídas por alguns times, nos jogos de ida; o mando de campo; retrospectos, tabus; e uma série de outros fatores eram citados como “gatilhos” para se creditar favoritismo ao time A, ou ao time B. Mas o futebol é tão imprevisível quanto a rota dos bolões que vemos no ar, neste mês de São João.

Vale lembrar a antológica frase que virou mantra: “Futebol é uma caixinha de surpresa”.

Isso mesmo meu senhor!

E por não levar a sério tamanha advertência é que o técnico, Dorival Júnior, e sua tropa, foi surpreendido pelo Sport, que desdenhou do favoritismo do São Paulo, pôs fim a uma invencibilidade de 12 partidas do time paulista; quebrou um tabu de décadas, pois nunca havia vencido o respeitado adversário no Morumbi, e deixou milhares de tricolores com o coração nas mãos, ao levar a decisão para os pênaltis.

De quebra, os rubro-negros, que jogaram como verdadeiros leões, “quebraram” milhares de apostadores nas bolsas de apostas.

Disputa de pênaltis, ou tiros livres diretos, como cobram os leitores mais exigentes, é uma covardia. Sair do coletivo, onde as responsabilidades estão compartilhadas, para o individual, mexe com a beça de qualquer ser humano: não tem bom nessa parada.

O goleiro preso feito um passarinho numa gaiola, sem saber para qual lado irá se jogar; o batedor sentido o peso de uma “nação” sobre seus ombros naquela corridinha até a bola; o momento final do chute…

Frio na barriga; ânsia de vômito; sensação de que a caganeira está por vir; tremedeira, alta de pressão…

Explosão nas arquibancadas!

Milhares comemoram. Outra multidão chora.

Pênalti é isso: emoção pra valer.

Conselho: Não busque culpados.