Sem esperança de um dia saber o que é essa coisa louca e bela chamada “amor”

TRIBUNA DA INTERNET

Tanussi Cardoso, empenhado em definir o amor

O advogado, jornalista, escrivão aposentado do Tribunal de Justiça (RJ), crítico literário, contista, letrista da MPB e poeta carioca Tanussi Cardoso expõe a sua visão sobre o amor no poema “Cilada”.  Aparentemente trágico, o poema exibe um humor latente e a ironia final fulmina toda a esperança de que um dia saibamos o que é essa coisa louca e bela chamada “amor”, segundo Tanussi Cardoso.

CILADA
Tanussi Cardoso

O amor não é a lua
iluminando o arco-íris
nem a estrela-guia
mirando o oceano

O amor não é o vinho
embebedando lençóis
nem o beijo louco
na boca úmida do dia
O amor não é a angústia
de se encontrar o sorriso
nem o vermelho
do coração dos pombos

O amor não é a vitória
dos navios e dos barcos
nem a paz cavalgando
cavalos alados

O amor é, sobretudo
a faca no laço do laçador
O amor é, exatamente
o tiro no peito do matador