O advogado, político e poeta Raul de Leoni (1895-1926), nascido em Petrópolis (RJ), faz poeticamente da ironia a sua filosofia. Apesar de ter morrido muito jovem, aos 31 anos, foi o poeta de maior realce na última fase do simbolismo, considerado como uma das figuras mais notáveis do soneto brasileiro de todos os tempos.
A obra de Raul de Leoni obteve estudos críticos de de Agrippino Grieco, Rodrigo Melo Franco de Andrade, Medeiros de Albuquerque, Alceu Amoroso Lima, Ronald de Carvalho, Manuel Bandeira, Afonso Arinos de Melo Franco, Tasso da Silveira e Sergio Milliet.
IRONIA
Raul de Leoni
Ironia! Ironia!
Minha consolação! Minha filosofia!
Imponderável máscara discreta
Dessa infinita dúvida secreta,
Que é a tragédia recôndita do ser!
Muita gente não te há de compreender
E dirá que és renúncia e covardia!
Ironia! Ironia!
És a minha atitude comovida:
O amor-próprio do Espírito, sorrindo!
O pudor da Razão diante da Vida!