Por CLAUDEMIR GOMES
O torcedor do Sport ainda comemora o título de Campeão Pernambucano, conquistado pelo time rubro-negro, na tarde do último sábado (22/04/2023), sendo esta, a 43ª conquista doméstica que o Leão adiciona ao seu acervo. Evidentemente, no registro histórico não constará, mas este foi, sem dúvidas, um dos títulos estaduais mais fáceis a ser levantado pelo Clube da Ilha do Retiro.
O Retrô, adversário da decisão, foi brioso. Nada mais que isso. Costumo dizer que: clube sem torcida é um ser mutilado. Sem garganta. O que ele faz não provoca eco. Os números explicam o meu pensamento: no primeiro confronto decisivo, na arena Pernambuco, o público foi de 7.090 pagantes. Na segunda partida, na Ilha do Retiro, casa do Sport, o público ultrapassou a casa dos 26 mil torcedores. Todos os ingressos colocados à disposição dos rubro-negros foram adquiridos.
O rubro-negro, Humberto Araújo, que normalmente assiste aos jogos das cadeiras cativas, ou dos camarotes, optou pela arquibancada. Queria estar lado a lado com o povão, sentir a força daquele movimento popular. Quando o time do Sport entrou em campo, e aquele coro uníssono de mais de 26 mil pessoas, sob o comando do locutor oficial do clube, fez ecoar o gripo de “Cazá, cazá, pelo Sport tudo!”, ele suspirou: “Isto é o Sport!”.
O espetáculo rubro-negro, protagonizado pela torcida, sábado, na Ilha do Retiro, estava mais para uma festa privada, do que para uma decisão de títulos. É como se todos já soubessem o desfecho final. Só faltava o placar. O Retrô não estava capacitado para suportar a pressão que seria imposta pelo dono da casa, que possui um conjunto, reconhecidamente, de melhor qualidade técnica. Vale ressaltar que, Sport e Retrô se enfrentaram três vezes no Estadual, com três vitórias da equipe leonina. Para facilitar as coisas para Love e companhia, o treinador, e o melhor jogador do Retrô, foram expulsos.
Diferentemente do que se viu na partida anterior, disputada na arena Pernambuco, no jogo de sábado, a Ilha do Retiro tinha corpo e alma, fato observado na presença de torcedores de várias gerações. Era o Sport de todas e de todos, sem barreiras, sem preconceitos, sem confrontos. Uma autêntica casa de festejos com portas fechadas para uma festa privada.
Faltou o molho da rivalidade na decisão do Pernambucano 2023. Náutico e Santa Cruz, os outros clubes de massa da Capital Pernambucana, ficaram no meio do caminho, na corrida pelo título estadual. Não resta dúvidas de que, com alvirrubros, ou tricolores, envolvidos numa decisão com os rubro-negros, a banda toca de outro jeito. Coisa da rivalidade que alimenta e dá sustentação ao futebol.
Os pequenos, Davi e Gabriel Miranda, 7 anos, vieram de Palmares, com o pai, Bebel Miranda. A julgar pelo comportamento dos dois, jamais vão esquecer a emoção de testemunhar, pela primeira vez, no estádio, seu time do coração conquistar um título. Davi tirou a camisa, seguiu todo o ritual da galera, e ainda disse ao pai: “No próximo jogo a gente vai para o meio da Torcida Jovem”.
Mais adiante, Guilherme Medeiros, 12 anos, experimentava ao lado do avô, Francisco Medeiros, 82 anos, a alegria de comemorar, pela primeira vez, uma conquista do Sport na Ilha do Retiro. Com a faixa de campeão no peito, o adolescente se deliciava com a felicidade estampada no sorriso mais alegre do avô.
Mães com crianças no colo, casais enamorados trocando beijos brindando a conquista da forma mais terna possível.
Com certeza não foi a mais emocionante das 43 conquistas estaduais do Sport, mas por ter sido de forma invicta, sem nenhum arranhão, fechada com um adversário de pouca resistência, se pode afirmar que foi a festa que toda a família rubro-negra desejava.