Dia Mundial da Poesia. Por Flávio Chaves

A magia da poesia é um canto ao universo que habita em nós

    Por Flávio Chaves – Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras. Foi Delegado Federal/Minc –   Na lágrima que desliza pelo rosto em silêncio, na batida apressada de um peito apaixonado — ali vive a poesia. Invisível aos olhos, mas imensa no coração humano, ela é a linguagem secreta da alma, que desata os nós do sentir e costura os retalhos da existência.

Hoje, 21 de março, o mundo se curva diante da arte que transborda em metáforas e transforma palavras em vida. O Dia Mundial da Poesia não é apenas uma data no calendário; é uma celebração do que somos, do que sentimos e daquilo que muitas vezes não conseguimos dizer. A poesia é esse abraço silencioso que acolhe nossas dores e exalta nossas alegrias. É o eco das memórias, o reflexo dos sonhos, a dança leve e sinuosa das palavras no ar.

A poesia nasce onde o verbo se curva diante do mistério. Ela invade os cantos vazios da alma e enche de sentido os vãos da existência. Não se impõe — ela chega como um vento delicado, atravessando muralhas e plantando flores nos escombros. O poeta, esse tecelão incansável de esperança, transforma lágrimas em versos, saudades em rimas, medos em metáforas que confortam e abraçam.

Quantas vezes uma poesia nos salvou do abismo? Quantas vezes um poema, lido de surpresa, soprou vida sobre um peito cansado? Porque a poesia é um farol: guia-nos quando as sombras parecem engolir os passos e revela caminhos onde só enxergávamos paredes. Ela não apenas narra o mundo — ela o recria, dando novas cores ao cinza, desenhando horizontes onde tudo parecia escuro.

E é por isso que a poesia nunca morre. Ela se reinventa na voz do declamador que emociona uma praça inteira. Ela ressurge nas cartas de amor esquecidas na gaveta. Ela renasce no sussurro de uma mãe que canta para o filho dormir. Ela é o poema escrito na areia e apagado pelas ondas — efêmera, mas eterna.

Celebrar o Dia Mundial da Poesia é celebrar nossa humanidade. É reconhecer que a vida é um livro inacabado, onde cada batida do coração escreve um novo verso. É a lembrança de que não somos apenas feitos de carne e osso — somos feitos de palavras, de silêncios, de sentimentos que só um poema consegue traduzir.

Que hoje possamos respirar poesia, permitir que ela nos envolva e nos toque. Que cada coração se abra para esse universo onde a alma se despe e se revela. Que possamos, ao menos por um instante, permitir que um poema nos abrace — porque há versos que curam feridas invisíveis e sorrisos que nascem de uma estrofe lida na hora certa.

Que ela continue pulsando em cada um de nós, alimentando nossos sonhos, nossas esperanças e nossa fé na beleza da vida. Que sejamos, cada um à sua maneira, poetas do mundo — porque no coração de quem sente, sempre há versos por nascer.