Por José Nivaldo Junior – Consultor em comunicação, advogado, historiador, escritor, membro da Academia Pernambucana de Letras e diretor de O Poder – A história acontece sempre como tragédia (genero teatral) e nunca se repete, embora circunstâncias semelhantes ocorram. Às vezes, parece farsa. Vamos recorrer à IA para definir claramente essa palavra de várias conotações: “A farsa é um gênero teatral cômico que se caracteriza por utilizar personagens caricatas e situações exageradas. O objetivo é provocar o riso e não se preocupar com a discussão de valores”. Ou seja, parece o perfil de Trump, esculpido e encarnado.
O palco da história
A história é feita naturalmente pelos seres humanos. Mas não de acordo com um livre arbítrio absoluto. As ações visível, das pessoas simples às mais poderosas do planeta, não decorrem da sua vontade soberana mas de um conjunto de circunstâncias frequentemente invisíveis a olho nu, que condicionam a atuação dos personagens no palco da vida. Essas razões têm suas origens, principalmente, no mundo econômico, nas relações sociais primárias e, principalmente, no avanço tecnológico.

Globalização
Foi exatamente o avanço da tecnologia, da produção à comunicação, que globalizou o mundo considerado desenvolvido. As diversidades de matérias-primas e as especializações da mão de obra quebraram fronteiras, que se mantém como um arcaísmo transitório a caminho da extinção. Uma revolução está em curso, em escala planetária. Maior e mais profunda do que as grandes rupturas contemporâneas, como a Revolucao Francesa de 1789 e a Revolução Soviética, de 1917.
O indivíduo na história
O processo histórico que acontece sob nossos olhos é mais fácil viver e acompanhar do que compreender. A compreensão exige estudos e análises pautadas metodologicamente, ao alcance de profissionais qualificados no campo historiográfico, e nem todos. A vivência dos fatos exige apenas uma passividade aos grandes rumos dos rebanhos humanos, sem um verdadeiro espírito crítico, substituído pela perplexidade.

Trump
Ao focar sua política no nacionalismo obsoleto, está desafiando as tendências do mundo e jogando pedras para o ar, a maioria das quais cairá em sua própria cabeça. Trump por acaso é burro e mal assessorado? Nunca. Ele sabe os riscos que corre e os obstáculos que enfrentará na caminhada. Se suas medidas derem certo, o mundo entrará em processo de desglobalização. Isso é possível acontecer por um curto prazo. Lembrando que a história se conta por séculos e milênios, as vidas humanas por décadas, as políticas governamentais por anos. Trump vai na contramão do mundo que vem sendo construído, apostando em resultados que, a curto prazo, deem substância ao seu curto mandato sem reeleição. É uma aposta política egoísta, contra a ética vigente nas relações internacionais. Um retrocesso ao modelo antigo de ‘manda quem pode, obedece quem tem juízo’. A um imperialismo fora de moda e da pauta do nosso tempo. Um reforço a um atraso mental que, contraditoriamente se opõe ao avanço tecnológico. Mas a história é feita de contradições e avança pelo entrechoque das forças contrárias. A política de Trump será esmagada e revogada. Ninguém triunfa duradouramente contra o progresso.

E Musk?
É tarefa para muitas obras de análise essa união entre a vanguarda tecnológica e o retrocesso político.
Vamos refletir. Ficamos devendo aos leitores.