O CLÁSSICO. Por CLAUDEMIR GOMES

  Por CLAUDEMIR GOMES  –   Os clássicos fazem a diferença em qualquer competição do mundo. Isto é fato. No Campeonato Pernambucano, onde os alicerces têm três pilares de sustentação – Sport, Náutico e Santa Cruz – a liturgia do futebol também é respeitada e segue sendo louvada pelas grandes torcidas. Comportamento fácil de se constatar através do burburinho observado na cidade por conta do Clássico das Multidões – Santa Cruz x Sport – que será disputado na tarde deste sábado, no Estádio do Arruda.

Embora o Estadual tenha se tornado um torneio mequetrefe, os clássicos seguem agitando as torcidas. Fato que justifica o sucesso da venda antecipada dos ingressos.

Tricolores e rubro-negros chegam para o primeiro confronto entre ambos na temporada, e que pode vir a ser o único também, com números expressivos que alimentam a confiança das torcidas. O Santa Cruz é líder, enquanto o Sport é o único time que se mantém invicto após a disputa de cinco rodadas.

Não consta nos regulamentos das competições, mas sabemos que, o time que vence os clássicos fatalmente coloca a mão na taça. Até a década de 80, do século passado, o Pernambucano era recheado de clássicos. Em 1983, por exemplo, quando o Santa Cruz foi tri-supercampeão, o Estadual foi disputado em três turnos com duas fases, cada um. Com espaço para um jogo extra, para decisão do turno. Foi uma enxurrada de clássicos.

A partir dos anos 90 surgiram novas competições e os espaços dos Estaduais tiveram que ser compartilhados. Nos dias de hoje, as competições domésticas, que se tornaram apêndices indesejados pelos grandes clubes, são realizadas no curto espaço de dois meses.

Este ano, com o futebol pernambucano tendo apenas dois clubes na Copa do Nordeste – Sport e Náutico – e com o Trio de Ferro disputando o Brasileiro em séries distintas – A, C e D – os clássicos do Estadual ganharam importância. Coisa da rivalidade. Além do mais, a disputa caseira é a única onde nossos clubes têm a real chance de chegarem ao título.

Em alguns momentos é possível ouvir, de algum pseudo cronista, ou trainee de dirigente, a classificação de confrontos intermediários como sendo clássicos. Coisa de emergentes despreparados. No futebol pernambucano os clássicos se resumem aos confrontos diretos entre Náutico, Sport e Santa Cruz. Nada mais que isso.

Hoje cedo, na “resenha” diária do café da manhã da Padaria Diplomata, o assunto dominante era o Clássico das Multidões. Os tricolores, como se já estivessem degustando os “milhões” que os empresários da SAF prometeram injetar no clube, apostam no poder da superação, que por enquanto vem no grito da torcida. Os rubro-negros simplificavam o sentimento numa frase: “É preciso ter Paciência”.

Como estamos na era das Bets, os novos analistas do futebol se escudam nos números como se o futebol fosse uma ciência exata. A turma das estatísticas desconhece que os clássicos transcendem, em muito, as barreiras da burocracia.

O romantismo do passado nos deixava mais embriagados com as essências dos clássicos da época. Sendo assim, acreditando que teremos um sábado especial para o futebol pernambucano, encerro com Vinícius de Moraes e seu fantástico DIA DA CRIAÇÃO:

“Porque hoje é sábado

Há um espetáculo de gala

Há um renovar-se de esperanças

E há uma tensão inusitada

O dia é sábado…”.