Uma terra sem esperança. Por Claudemir Gomes

Por Claudemir Gomes  –  Em todo início de ano as pessoas se enchem de esperança. Um sentimento que se apossa dos seres humanos em todos os continentes. Creio eu que isso faz um bem a toda humanidade. Mas neste universo imensurável existem filigranas que resistem às mudanças, tal como o futebol pernambucano.

No quarto dia da nova temporada testemunhamos a desclassificação dos dois representantes pernambucanos – Santa Cruz e Retrô – no torneio classificatório para a Copa do Nordeste. Evidente que, o impacto de tal desastre é devastador para o clube de massa, para a agremiação centenária, o Santa Cruz, que há menos de uma década (2016) disputou o Brasileiro da Série A escudado no título de Campeão do Nordeste. O Retrô é um clube emergente, criado pelo seu dono para ser chamado de meu.

Jogo encerrado, busquei o registro da reação dos tricolores que, movidos pela esperança, foram ao Arruda hipotecar sua solidariedade ao time que passou mais de nove meses parado. Para a massa coral aquele jogo representava o primeiro passo do soerguimento de um dos clubes mais populares do futebol brasileiro. Frustração geral. Os comentários dos cronistas esportivos não foram além do fato, ou seja, da fatídica derroa – 2×1 – para o Treze de Campina Grande. O que aconteceu foi apenas a queda de mais um tijolo desse assustador desmoronamento que vem destruindo futebol pernambucano.

Foi inevitável não traçar um paralelo entre o Santa Cruz dos anos 70 do século passado, e o Santa Cruz dos dias de hoje. O “Gigante” desidratou, definhou. O pior: até o momento ninguém encontrou um antidoto para o seu mal. Os paliativos aplicados não passam de garapas ineficazes.

O Santa Cruz dos dias de hoje é uma das respostas da desastrosa gestão do futebol pernambucano – FPF – peça importante na engrenagem da CBF, uma máquina que não acompanha o ritmo das grandes confederações.

Como uma entidade deixa que um filiado passe nove meses sem disputar um jogo sequer? Jogadores de xadrez e de dominó precisam estar ativos, imaginem atletas de futebol profissional.

Observo que as discussões são muito superficiais. O presidente da Federação vomita um monte de besteiras enquanto os presidentes dos clubes se calam e aplaudem. Eis a razão pela qual, nas dez últimas edições da Copa do Nordeste os cearenses levantaram dez títulos contra dois dos baianos, um pernambucano e um maranhense. O futebol pernambucano ficou nanico até na região.

O ano está apenas começando. Vem aí, no próximo final de semana, a abertura do Campeonato Pernambucano, que a julgar pela qualidade da maioria dos dez clubes participantes, teremos um verdadeiro show de horrores.

É isso aí: esperança de um ano melhor para o futebol pernambucano, ao que tudo indica, não vai passar de uma promessa de Papai Noel.