Centenas de passageiros de cruzeiro podem ter sido filmados por câmeras escondidas por ex-funcionário pervertido

Centenas de passageiros desavisados da Royal Caribbean podem ter sido filmados por câmeras escondidas instaladas por um ex-funcionário, agora condenado a 30 anos de prisão federal por crimes relacionados a pornografia infantil, de acordo com o advogado das vítimas.

Mirasol, um filipino, foi detido em alto-mar no dia 25 de fevereiro, depois que uma menina encontrou uma câmera escondida sob uma pia em um cruzeiro da Royal Caribbean que partiu da Flórida. Ele foi preso dias depois, quando o navio retornou ao porto.

Arvin Joseph Mirasol

Durante a investigação, os agentes apreenderam os dispositivos eletrônicos de Mirasol e descobriram um grande número de vídeos ilícitos, nos quais crianças estavam sendo filmadas tomando banho e se vestindo.

Além disso, o ex-funcionário confessou ter se escondido debaixo das camas nas cabines para espionar crianças saindo do chuveiro e registrá-las, informaram os investigadores.

Agora, uma dúzia de vítimas de Mirasol e suas famílias estão processando o grupo Royal Caribbean, alegando que a companhia não fez o suficiente para protegê-las e não soube identificar predadores durante o processo de contratação, de acordo com reportagem da emissora 7News da Flórida.

“Eu fiquei chocada. Fiquei, quer dizer, completamente incrédula”, disse uma das autoras do processo, cuja filha tinha apenas 2 anos quando fizeram o cruzeiro. “Nós confiamos nossa privacidade e segurança à companhia de cruzeiro, e ouvir que nossa privacidade foi completamente desconsiderada com essa situação foi realmente um choque para mim.”

Spencer Aronfeld, advogado das 12 vítimas anônimas, acredita que centenas de outros passageiros podem ter sido filmados sem saber. “Ele instalou uma câmera embaixo da pia do banheiro da cabine, onde filmava as pessoas usando o banheiro — homens, mulheres e crianças, entrando e saindo dos chuveiros”, disse Aronfeld à 7News.

“Achamos que existem centenas de outras vítimas por aí”, acrescentou o advogado.

A autora do processo com a filha de 2 anos declarou que deseja responsabilização. “Queremos transparência, queremos responsabilidade. Compensação também seria ideal”, afirmou. “Em grande parte, queremos garantir que isso não aconteça com a família de mais ninguém.”

Uma ação anterior, movida por outra vítima anônima de Mirasol, estimava que até 960 pessoas poderiam ter sido vítimas do ex-funcionário e suas câmeras escondidas. Essa ação, apresentada um mês após a condenação de Mirasol, alegava que ele também filmava adultos e postava os vídeos online, incluindo de um dos demandantes.

“Com base em informações e crenças, Mirasol transmitiu e/ou carregou imagens da autora enquanto estava despida e realizando atividades privadas para terceiros e/ou para a internet, incluindo, mas não se limitando ao deep web, sem o conhecimento ou consentimento da autora”, afirmava a queixa.

O processo alegava que até 960 passageiros podem ter sido filmados sem o seu conhecimento, com base no número de cabines que Mirasol atendia durante seu trabalho, e que essas pessoas ainda podem não saber disso.

A Royal Caribbean não informou aos outros passageiros que ficaram em cabines atendidas pelo pedófilo condenado entre 1º de dezembro de 2023 e 26 de fevereiro de 2024, durante 12 cruzeiros diferentes, afirma o processo.

“Quem sabe quantas imagens pornográficas desses passageiros desavisados estarão circulando pela internet para sempre, porque a Royal Caribbean falhou em proteger sua privacidade e permitiu que Mirasol transformasse esses passageiros em vítimas”, disse Jason Margulies, advogado do escritório Lipcon, Margulies & Winkleman, P.A., que representa a autora, à Fox News em outubro.