Poeta Flávio Chaves – Gente Amada,
Talvez não seja o tempo que passa. Talvez sejamos nós, atravessando os dias como quem desbrava um céu desconhecido. E se fosse diferente? E se, ao invés de correr, simplesmente parássemos? Não para olhar o relógio ou medir os passos, mas para sentir — de verdade — o que somos.
Não quero falar sobre o que se fecha ou o que se abre. Isso é coisa das portas, não da vida. A vida, essa inquieta, não tem um fim de ciclo. Ela é sempre agora, sempre em movimento, como um rio que nunca se pergunta para onde vai.
Quero que saibam: onde quer que estejam, o que carregam dentro é o que realmente importa. Não há um novo começo. Há apenas o pulsar, o fôlego que decide seguir mesmo quando tudo parece hesitar.
Não desejo promessas. Desejo que vocês larguem tudo: as palavras ensaiadas, os passos forçados, os mapas que dizem como viver. Desejo que caminhem por onde as estrelas nunca ousaram trilhar. Que se permitam errar, porque é ali, no erro, que o brilho mais autêntico nasce.
A vida não é sobre o que esperamos. É sobre o que não entendemos, mas acolhemos. É o riso que explode sem aviso, o afeto que atravessa distâncias sem pedir licença, a liberdade de ser vulnerável.
E se pudesse deixar uma única coisa com vocês, seria esta: coragem. Não a coragem de ser forte ou de vencer, mas a coragem de simplesmente estar — onde dói, onde cura, onde a alma insiste em existir.
A distância não nos separa. Cada palavra que envio é um barco que atravessa oceanos invisíveis para chegar até vocês. E se essas palavras tocarem ao menos uma alma, então terão cumprido seu destino.
Não é um novo ciclo. É o mesmo universo, mas visto de um jeito que só você pode enxergar. Que ele brilhe, mesmo quando tudo parecer escuro.
Com todo o carinho que cabe em um instante,
Poeta Flávio Chaves