50 anos de Ferreira em arte que encanta e humaniza. Por Flávio Chaves

 Por Flávio Chaves – Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras. Foi Delegado Federal/Minc –

Hoje, o Recife celebra uma trajetória que transcende o tempo e a matéria. O artista plástico pernambucano José Ferreira de Carvalho, conhecido como Ferreira, comemora meio século de dedicação à arte em seu espaço de criação, o ateliê e galeria em Campo Grande, Zona Norte do Recife. Um local que, ao longo dos anos, tem sido mais do que um ponto de exibição de sua obra — é um templo onde o artista compartilha sua alma e nos convida a redescobrir a nossa.

Ferreira é a personificação do artista que transforma vida em poesia visual. Em cada peça, ele revela um fragmento da alma humana, das suas alegrias às suas dores, lembrando-nos de que “a arte é o espelho da alma” e que cada cor, forma e textura é um diálogo com o infinito.

Sua trajetória de 50 anos é marcada por uma pluralidade estilística que vai além das técnicas e materiais. Suas telas, painéis e esculturas em cerâmica e ferro compõem um mosaico onde cada obra é um testemunho de seu olhar único sobre o mundo. Ferreira nos lembra que, como dizia Nietzsche, “temos a arte para não morrer da verdade”.

Na exposição “50 Anos Ferreira de Arte”, 140 obras nos conduzem por uma jornada que explora diversas fases de sua carreira. De séries como “Caboclo de Lança”, que reverenciam a cultura popular, à introspecção de “Eu e os Mestres”, Ferreira nos oferece um mergulho profundo no que significa ser humano.

Essa exposição, como tantas outras realizadas em seu ateliê ao longo dos anos, é mais do que uma oportunidade de apreciar sua obra. É um convite a dialogar com o belo, com o simples e com o transcendente. Como afirmava Fernando Pessoa, “a arte é a forma mais intensa de individualismo que o mundo já conheceu”. Ferreira nos lembra disso ao desafiar os limites do que é visto como arte e do que é visto como vida.

Celebrar 50 anos de arte é celebrar a resistência de um homem que, contra os ventos e marés, fez da arte o centro de sua existência. Ferreira nos ensina que a arte não é apenas um ofício, mas um modo de viver, um modo de ver e um modo de fazer com que o mundo seja mais humano.

Seu ateliê, que já foi palco de tantas exposições, hoje se transforma em um lugar de celebração, não apenas da sua obra, mas de todos os que foram tocados por ela. Afinal, como dizia Matisse, “a arte deve servir para dar ao homem uma consciência da sua grandeza”.

Os 50 anos de Ferreira não são apenas um marco de uma carreira; são a promessa de que a arte continuará sendo um refúgio, uma inspiração e uma celebração. Ao abrir seu espaço para o público, mais uma vez, ele reforça que sua arte pertence a todos nós, como um presente generoso de quem viu na beleza do mundo o sentido de sua criação.

Ferreira, que sua arte continue a nos inspirar por muitos e muitos anos. Pois, como você mesmo traduz em suas obras, “a vida sem arte seria um erro”. Parabéns por nos lembrar disso, a cada pincelada e a cada escultura que toca nossa alma.