Brasil sem teto e sem pão: A falência da política habitacional e o sofrimento dos mais pobres. Por Flávio Chaves

A urgente necessidade de uma política habitacional para os brasileiros

Por Flávio Chaves – Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras. Foi Delegado Federal/Minc –  Para abordar a situação habitacional no Brasil, é essencial trazer à tona o aumento das desigualdades que deixam milhões de brasileiros em condições de extrema vulnerabilidade. No mais recente levantamento do IBGE, constatou-se que 16,39 milhões de pessoas vivem em favelas e comunidades urbanas, o que corresponde a 8,1% da população. Esse dado revela um crescimento significativo em relação a 2010, quando 6% da população brasileira habitava esses locais.

Esse aumento é um reflexo direto da ausência de políticas habitacionais abrangentes e eficazes, tanto no âmbito federal quanto estadual. As políticas existentes muitas vezes falham em atender à complexidade e à urgência da crise habitacional. Famílias inteiras veem-se obrigadas a viver em áreas com infraestrutura precária, carentes de serviços básicos, como saneamento, energia elétrica e acesso à água potável. A falta de segurança na posse da terra e o risco ambiental em muitas dessas áreas apenas agravam a situação.

A realidade dessas comunidades vai além da falta de um teto. A escassez de alimentos e a luta para garantir o pão de cada dia são dilemas diários para milhões de brasileiros. A cada dia, o aumento do custo de vida e o desemprego forçam milhares de famílias a conviverem com a insegurança alimentar, uma realidade ainda mais cruel para as crianças.

As favelas, caracterizadas pelo IBGE como localidades com “insegurança jurídica da posse” e “oferta precária ou incompleta de serviços públicos”, são prova evidente da falência das iniciativas governamentais que deveriam zelar pelo bem-estar e pela dignidade humana. O crescimento das favelas e comunidades urbanas simboliza não apenas a ausência de uma política habitacional robusta, mas também o descaso com a vida de milhões de cidadãos.

Para superar essa realidade, é urgente que os responsáveis por políticas habitacionais e os governantes olhem para a situação habitacional com seriedade. É preciso desenvolver um compromisso genuíno com os menos favorecidos, criando projetos de habitação social que não apenas ofereçam moradia, mas também proporcionem qualidade de vida e inclusão social. Investir em moradia digna significa oferecer segurança, conforto, e uma chance real de ascensão social para milhões de brasileiros que, atualmente, sobrevivem em meio à miséria.

A questão habitacional no Brasil precisa ser encarada como uma emergência social. Que esta realidade sensibilize os responsáveis e que sirva de alerta para a urgente necessidade de políticas que assegurem o básico: um lar digno e um futuro para milhões de famílias que esperam, há tanto tempo, por mudanças.