Por Flávio Chaves – Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras. Foi Delegado Federal/Minc – Hoje, ao olhar esta fotografia, sou transportado a um tempo de encanto, onde a única riqueza permitida era o sonho. Éramos meninos, cheios de vida, pés no chão e coração nas estrelas. A infância corria livre, como o vento que acariciava nossas peladas de futebol, ali na areia quente, entre risos e gritos de comemoração.
Eu sou o goleiro de blusa de manga comprida, o guardião do nosso Cruzeiro Futebol Clube, o time que inventamos com a pureza de quem só deseja ser feliz. Nesse campo improvisado, éramos campeões da alegria, defendendo nosso orgulho como quem defende a própria alma. Éramos ricos de amizade e de sonhos – e isso bastava.
Graças ao amor de minha mãe e aos abraços dos meus irmãos, pude trilhar caminhos que levaram esse menino para além do horizonte que um dia parecia tão distante. Conheci o mundo, toquei destinos, vivi histórias, mas sempre com essa criança dentro de mim, me acompanhando pelas estradas da vida. Em cada estação onde chego, entrego o abraço desse garoto, agora homem, que nunca deixou de acreditar na poesia de viver.
Se sou feito de algo, é de amor. O amor que aprendi desde cedo, que me moldou, que me ensinou a ser feliz, a ser solidário. Seja na companhia de um amor que me incendeia ou na solitude dos sonhos e das canções, sigo sendo um homem feito de busca, de ternura, e de esperança.
Que essa chama de viver nunca se apague dentro de mim, que meu coração solidário seja como um romance sem ponto final, ecoando o abraço de uma vida inteira. Porque o mundo muda, as estações passam, mas essa criança que um dia fui, ela ainda está aqui, sorrindo, pulando, me lembrando que a felicidade é simples – é ter um coração aberto, um sorriso sincero e uma alma leve.
Um beijo à multidão, com gratidão e saudade.