A recente visita do rei Felipe VI e da rainha Letizia às zonas atingidas por enchentes na Espanha provocou reações intensas e inesperadas da população local. Ao lado do primeiro-ministro Pedro Sánchez e do presidente da Região Valenciana, os monarcas chegaram a Paiporta, um dos locais mais devastados nas proximidades de Valência, e foram recebidos por uma multidão revoltada, que expressou sua frustração e exasperação com a situação.
Em um ambiente marcado pela tensão, Felipe, Letizia e as autoridades foram atingidos por lama, lançada por cidadãos indignados que também gritavam palavras de protesto, como “assassinos”, em meio ao caos que tomou conta das ruas de Paiporta. Imagens do incidente rapidamente se espalharam, revelando o grau de insatisfação e descontentamento com a resposta estatal às enchentes.
Após o tumulto em Paiporta, a visita da comitiva real a Chiva foi cancelada. Centenas de pessoas aguardavam a chegada dos monarcas na segunda parada planejada, mas a decisão de “adiar” a visita foi tomada por autoridades estaduais e regionais, juntamente com a própria Casa Real, diante dos protestos que haviam se intensificado.
O episódio na Espanha ressoou de maneira semelhante ao que ocorreu no Rio Grande do Sul, no Brasil, onde comunidades locais também sofreram com enchentes e se sentiram desamparadas pela atuação do governo. Em ambos os países, o que se viu foram civis ajudando civis, enquanto as forças do Estado eram acusadas de inércia. Na Espanha, a ausência do Exército, que não auxiliou de maneira eficiente a população — especialmente os idosos, que lutavam para cruzar rios de lama —, foi alvo de duras críticas. Esses eventos destacaram a sensação crescente de distanciamento entre o povo e seus líderes, gerando manifestações que deixaram clara a indignação dos afetados.
Esse clima de revolta sublinha uma crescente demanda popular por uma resposta governamental mais eficaz e por uma presença mais ativa do Estado em momentos de crise. A indignação se materializou em atos de protesto, com ovos e lama arremessados, simbolizando a insatisfação generalizada com a atuação governamental em situações de calamidade.