Goleada agridoce. Por CLAUDEMIR GOMES

Por CLAUDEMIR GOMES

A décima rodada das Eliminatórias Sul-americanas para a Copa de 2026 foi marcada por uma enxurrada de gols: a rede balançou 17 vezes nos cinco jogos realizados. Mas é importante observar que, goleadas nem sempre traduzem a história real dos jogos com fidelidade. Isto é fato. Alguns resultados mascaram a realidade dos fatos.

A Seleção Brasileira, nas duas últimas apresentações, contra Chile e Peru, respectivamente, o lanterna e o vice lanterna das Eliminatórias Sul-americanas, contabilizou duas vitórias – 2×1 (Chile) e 4×0 (Peru) – resultados que levaram o time a dar um salto na tabela de classificação, e folgaram o nó da corda que estava apertando o pescoço do técnico Dorival Júnior.

Dorival Júnior no comando da Seleção Brasileira é um exemplo clássico da dualidade entre o ser e o parecer, onde fica ressaltada a importância da aparência nas relações humanas. O treinador, que em início de carreira teve uma passagem pelo Sport, tem qualidades que são inquestionáveis, mas sua aparência na área técnica durante os jogos é de um %u201Cbobão%u201D. Como bem disse o imperador romano, Júlio César: “A mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta”.

As disputas das Eliminatórias Sul-americanas alcançaram o returno e o cenário começa a ser definido. No final teremos um quadro similar ao das disputas passadas. Brasil e Argentina são figuras carimbadas; a novidade da vez é a Colômbia; Equador e Uruguai também devem passar. Enfim, como foram abertas mais vagas, com o aumento do número de seleções, quem tem pouca qualidade técnica também embarca no último vagão.

A Copa do Mundo perdeu muito do seu encanto quando o viés comercial passou a ser a coisa mais importante para a FIFA. Os primeiros parceiros comerciais da entidade que promove a competição foram vistos no Mundial da Argentina, em 1978. De lá pra cá a coisa tomou uma proporção gigantesca, com um salto estratosférico pós Mundial dos Estados Unidos, em 1994, quando o Brasil conquistou o tetracampeonato.

Diria que a qualidade técnica da disputa caiu quase que proporcionalmente, mas em sentido contrário, ao crescimento comercial. Hoje, a Champions League nos oferta jogos com qualidade técnica superior às partidas da Copa do Mundo. Vale lembrar que, para tudo existe exceções. Mas no geral é assim.

Portanto, não nos enganemos com a goleada imposta pela Seleção Brasileira aos pernas-de-pau do Peru. O que aconteceu ontem, no Estádio Mané Garrincha parecia mais um clichê das inúmeras CPIs que são colocadas para votação no Congresso, e na Câmara, e tudo termina em pizza.

É mestre José Joaquim Pinto de Azevedo! A cantiga da perua é uma só. Por incrível que pareça, nas arquibancadas, aquela elite estranha que só vai a jogos da Seleção porque ganha convites, ainda canta: “Pra frente Brasil, salve a Seleção”.

É um show!