Igreja Católica sinaliza aproximação com possíveis gestores e se coloca à disposição para ajudar
A decisão, segundo o vigário episcopal de Olinda, padre Renato Matheus Melo, é uma preparação para as eleições municipais e oportunidade de afinar o discurso entre os poderes e contribuir com a gestão. “Desde já, poderemos trabalhar juntos, poder público e poder religioso. Nosso objetivo é defender o homem na sua totalidade”, afirmou.
A Igreja Católica observou nos últimos anos a expansão da presença de evangélicos na política. Nas eleições de 1998, a bancada na Câmara dos Deputados pulou de 27 para 44 evangélicos. Hoje são 210 integrando uma Frente Parlamentar.
Em Olinda, os católicos viram o evangélico Lupércio Nascimento administrar a cidade por oito anos. E lamentam que ele tenha sido o único gestor a não receber o arcebispo dom Paulo Jackson, que assumiu a Arquidiocese no ano passado.
“Ele não conseguiu espaço na agenda. E a Igreja tem uma contribuição a dar”, reclamou o padre João Cláudio Gomes, da Paróquia Santa Rita de Cássia, no bairro de Jardim Fragoso.
Para o doutorando em Ciência Política pela UFPE Mário Veras de Almeida, a decisão do Vicariato é muito importante, mesmo que a entrada no cenário político se dê apenas através de ações como a escuta. “Essa aproximação sinaliza um interesse maior da Igreja nessa arena, que hoje, sem dúvida, é dominada pelos evangélicos”, observa o professor
Participaram do encontro, no Seminário de Olinda, os candidatos Antônio Campos (PRTB), Izabel Urquiza (PL), Márcio Botelho (PP), Mirella Almeida (PSD) e Vinicius Castello (PT). A Igreja não conseguiu contato com Clécio Basílio (PCO).
Nossos empregados
Antes de os candidatos apresentarem propostas, o frei Dênis Pimentel brincou, lembrando o debate de São Paulo, onde José Luis Datena atirou uma cadeira contra Pablo Marçal. “As cadeiras não estão fincadas ao chão porque a maturidade de todos deve falar muito mais alto.” O frade também disse aos postulantes que eles são “nossos empregados”. “Pensem que nós, patrões, queremos saber aquilo que nossos empregados farão caso assumam a prefeitura”, alertou.