Entre a dor e a esperança no ataque às Torres Gêmeas nos Estados Unidos. Por Flávio Chaves

Por Flávio Chaves – Jornalista, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras. Foi Delegado Federal/Minc   –      Naquela manhã clara de setembro, o céu parecia imenso, quase indiferente às inquietações humanas. Mas por trás do horizonte azul, algo sombrio se movia, mudando para sempre o curso da história. O dia 11 de setembro de 2001 amanheceu com a serenidade de qualquer outro, mas o que se desenrolou em suas horas foi um grito de dor, um eco profundo de terror que ressoaria pelo mundo inteiro. Naquele dia, quatro aviões cruzaram os céus, não em rotas comuns, mas como instrumentos de um ódio que havia sido cultivado em silêncio, em solo distante.

Quando o primeiro avião perfurou as Torres Gêmeas, foi como se a terra inteira estremecesse. As estruturas de concreto e aço, símbolos da força e da prosperidade, ruíram diante de nossos olhos. E enquanto a poeira tomava conta de Manhattan, nos corações, uma pergunta simples, porém devastadora, crescia: como pode o ser humano, nascido da mesma essência, destruir o outro com tamanha violência?

Foi um momento em que o mundo pareceu encolher, como se todos, não importa onde estivéssemos, estivéssemos sendo tragados pelo mesmo turbilhão de dor e medo. Aquela manhã foi a cicatriz de um tempo de caos, uma ferida que, anos depois, ainda pulsa nas memórias das gerações que viveram o horror. Não era apenas uma guerra travada no solo americano; era um golpe no coração da humanidade, um chamado para refletirmos sobre a nossa própria natureza.

Quem somos, quando escolhemos o caminho da destruição? O que nos move, senão o egoísmo cego, o fanatismo que desumaniza o outro, tornando o próximo um inimigo? Ao ver a fumaça subir dos escombros, não podíamos deixar de pensar no quão frágeis somos, no quanto nosso orgulho, nossa ganância e nossos preconceitos podem nos levar a essa espiral de autodestruição.

Mas no meio da dor, algo mais profundo precisava emergir: a fraternidade. Em cada lágrima derramada, em cada mão estendida para retirar destroços, a essência humana também florescia. Era o chamado silencioso para a união, para a cura, para o entendimento de que, se o ódio pode nos dividir, é o amor que deve nos reerguer. Precisamos olhar para o mundo com ternura, buscar nas diferenças a beleza que nos une.

A tragédia daquele setembro não pode ser contada apenas como um capítulo de horror. Ela deve ser lembrada como um lembrete urgente de que nossa caminhada neste mundo só fará sentido se aprendermos a acolher o outro, se pregarmos o humanismo em vez do ódio, e a paz em vez da violência. O caos nos convida à reflexão, e é na reconstrução — não apenas das cidades, mas de nossas almas — que encontraremos a verdadeira resposta para o futuro.

No fundo, o que resta é a escolha. Escolhemos perpetuar o ciclo da destruição ou semear a semente da compaixão? Enquanto o sol daquele 11 de setembro se punha sobre uma paisagem devastada, a resposta começava a brotar, lenta, entre os escombros. Ela nos dizia que a única estrada para a redenção é o caminho do amor. Um amor que transcende as fronteiras, as ideologias, e nos lembra de que somos, todos, parte de uma mesma e frágil humanidade.