Rodrigo Constantino
Gazeta do Povo
“A hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude”, disse La Rochefoucauld. A esquerda é hipócrita no mundo todo, e em nenhuma época isso fica mais evidente do que no período eleitoral. É impressionante como os esquerdistas “mudam” nessa fase, adotando discursos que antes abominavam. Não se vê a mesma coisa do lado direito, e isso diz muito sobre as bandeiras e os valores de cada um.
Guilherme Boulos, por exemplo, sempre foi um comunista ateu invasor de propriedades. Eis que, na disputa eleitoral, aparece quase como um pastor evangélico em culto, e ainda prega mais armas para a Guarda Municipal e rejeita a legalização das drogas. A velha imprensa, tomada por esquerdistas radicais, entra no jogo e pinta o comunista como alguém moderado, normalizando os crimes do seu MTST.
PURO MARKETING – O fenômeno se repete em toda eleição e por todo canto. Manuela D’Ávila e Fernando Haddad também eram vistos em igrejas, que eles certamente ficam quatro anos sem colocar o pé depois. Vale tudo para ganhar votos. É puro marketing, um teatro, uma farsa, mas que revela aquilo que os socialistas sabem no fundo: os valores do eleitor, do povo, diferem muito dos seus próprios.
Às vezes escapa um ato falho e a turma radical é pega cantando o hino com “linguagem neutra”, ou seja, agredindo a língua Portuguesa e a ciência da biologia, para meter um “todes” e um “filhes” no meio da canção. A repercussão é muito negativa e a campanha comunista vai lá e apaga o conteúdo, não por arrependimento do ato em si, mas por ter dado bandeira e revelado a essência ao público.
Nos Estados Unidos acontece a mesma coisa. Kamala Harris é das mais radicais dentro do Partido Democrata. Mas a velha imprensa criou uma nova personagem, e Harris se escondeu no porão sem uma só entrevista para não cair em contradição. Agora Kamala defende até a conclusão do muro de Trump na fronteira! Ela, chamada de “czar da fronteira” no governo que mais permitiu a entrada de ilegais, promete que será dura com imigrantes ilegais e vai resolver a questão – como se nada tivesse a ver com ela.
VALE FINGIR – As bandeiras de Kamala Harris até ontem eram fronteiras abertas, saúde socialista para todos, proibição de explorar petróleo por fracking no país, rejeitar maior policiamento etc. Num passe de mágica ela reverteu todas essas pautas, sem mais nem menos, e a mídia finge que está tudo normal. Para derrotar Trump vale tudo, vale mentir, vale fingir… que é o Trump!
Lá se vão quase 40 dias desde que ela foi apontada pela cúpula democrata a substituta de Biden na corrida, sem um só voto popular, e ninguém da imprensa faz uma só pergunta difícil sobre isso tudo. A esquerda pode se dar ao luxo de ser hipócrita, pois os jornalistas também são de esquerda e também são hipócritas.
É o “milagre” eleitoral: somente na hora de buscar votos os esquerdistas se “convertem” e adotam pautas mais conservadoras. No fundo eles sabem o que presta e o que o povo quer…