Por Edival Lourenço – Revista Bula
Dizem que a internet está prestes a aniquilar os livros físicos. Mas, espere! A realidade é que o número de fanáticos por livros está aumentando exponencialmente. Parece que o fascínio literário provoca sintomas parecidos com os de uma abstinência de café superdimensionada. Aqui está uma lista bem-humorada e (pasme!) fundamentada na realidade sobre dez hábitos típicos dos verdadeiros bibliófilos. Se você se identifica com seis ou mais, parabéns! Você é um viciado certificado em literatura e pode precisar de uma internação num retiro detox para livrómanos.
Semanalmente, pede livros pela internet
Encomenda livros pela internet como quem pede delivery de pizza: compulsivamente e semanalmente. E, como se estivesse esperando um filho, rastreia a entrega obsessivamente, com medo de que o carteiro volte para a agência e adie seu tão esperado encontro com a próxima leitura.
Almoça perto do local de trabalho, bem rapidinho
Almoça rapidamente para poder passar mais tempo na livraria ou no sebo, salivando sobre os lançamentos ou relíquias literárias. E, claro, sempre acaba comprando algo. Sua persistência é tão grande que, mesmo sabendo que a encomenda só chegará em 15 dias, cobra o vendedor já no dia seguinte.
Compra livros para presentear e toma depois
Em aniversário de parentes e amigos, presenteia com livros. É claro que compra algum livro de que ele mesmo gostaria de ter. Entrega o presente, participa da cerimônia e tal. Distraidamente pega o livro para dar uma olhadinha e ali mesmo lê as orelhas e as chamadas de capa. Aliás, relê, pois já havia lido antes. Diz para o parente ou amigo que o livro realmente é ótimo e que quer ele emprestado depois. O ganhador vê nisso um alívio da obrigação de ler imediatamente e lhe diz que pode ler primeiro, que está com a leitura acumulada e tal. O ledor compulsivo aproveita para levar o livro e não devolve mais. A não ser que seja duramente cobrado.
Compra mais livros do que seria capaz de ler
Compra tantos livros que até Matusalém, se tivesse sido letrado e fanático por livros, não conseguiria ler todos. Isso inclui livros em idiomas que não domina, mas pretende aprender, só para apreciar a melodia original do autor. Com o tempo, desenvolve a crença de que pode ler por osmose.
Encaminha a mãe para morar com a irmã no interior
Transfere a mãe para a casa da irmã no interior, não porque a vida lá seja mais tranquila e o ar mais puro, mas porque precisa de espaço para os livros. O último quarto disponível era o da mãe, que agora virou uma biblioteca privada.
Não discute futebol em roda de amigos
A não ser, é claro que o assunto futebol faça parte da trama de algum livro. Ir a estádio de futebol, nem pensar. O tempo desperdiçado com deslocamentos, compras de ingressos, permanência no estádio e outras ações correlatas daria para se ler um livro de médio porte. Não é dado a acreditar em assuntos que não estejam devidamente consubstanciados em livros.
Interrompe namoro por causa de um livro novo
Capaz de interromper o namoro (ou algo mais íntimo) para atender ao carteiro que entrega um novo livro. O livro recém-chegado tem um cheiro irresistível e páginas implorando por serem viradas.
Deixa acumular mensagens no smartphone
Deixa acumular mensagens no smartphone para não ser interrompido durante a leitura. Acredita que notícias importantes vêm por telepatia e que o telefone só traz más notícias.
Cancela o acampamento de fim de semana com a namorada nova
Cancela um acampamento de fim de semana com a namorada para aproveitar o tempo e ler aquele livro de 800 páginas que estava empolgado para começar. Prioridades, certo?
Quebra de mentira o dente frontal
Em um ato de criatividade digno de um romance de espionagem, inventa que quebrou o dente frontal mastigando uma torrada dura demais para conseguir um dia de folga no trabalho. Na verdade, só quer avançar mais algumas páginas de “Finnegans Wake”, um livro que está lendo pela quarta vez — um feito que faria até mesmo James Joyce levantar as sobrancelhas! Em suas palavras: Perder um dente é uma coisa pequena, mas perder um dia de leitura é um desastre inimaginável!
Em resumo, ser um viciado em livros é uma mistura peculiar de compulsão, arte da enganação e, acima de tudo, uma paixão incendiária pela literatura que desafia todas as normas da sociedade. E aí, você se reconhece?